Nove corridas nos pontos, apenas um top 10 quando terminou em oitavo na Áustria, um final de época de fora por lesão. O primeiro ano de Miguel Oliveira no MotoGP, em 2019, não foi propriamente fácil mas em cada prova funcionava como aprendizagem para uma segunda época que nunca duvidou que seria diferente para melhor. Foi mesmo: além de acabar nove provas entre os oito primeiros classificados, conseguiu a sua primeira vitória de sempre na principal categoria no Grande Prémio da Estíria e terminou com um fim de semana fabuloso no Algarve onde fez pole position, volta mais rápida e liderou do início ao fim. Melhor despedida da Tech3 era impossível, sendo bem percetível a ligação cúmplice entre toda a equipa.

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De forma natural, até com um ano de atraso pelas dúvidas com que ficou na promoção de Brad Binder em 2019, o português chegava à equipa de fábrica da KTM. No último ano e meio, voltou a ganhar mais duas corridas (Catalunha em 2021, Indonésia em 2022), foi quatro vezes ao pódio e mantém em aberto esse cenário de melhorar o nono lugar na classificação geral de 2019. No entanto, e em final de contrato, o seu futuro continua a ser um tema tabu. Pelo menos, pelo próprio piloto. E este fim de semana houve mais um dado que aponta para uma possível transferência em 2023 perante a “desistência” da KTM.

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“Tenho uma relação especial com o Miguel. Quando ouvi em Mugello a possibilidade de voltar dois anos depois, contando com apoio total da fábrica, com um salário justo e apropriado, pensei que seria uma boa ideia. Mas entendo as ações dele. Como piloto tens de ser egoísta, tens de ter um ego enorme. Se não acreditares em ti, se não tiveres um certo orgulho, não serás bem sucedido”, explicou Hervé Poncharal, dono da equipa francesa da Tech3 e elemento próximo do português, em entrevista ao portal Speedweek.

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“Não posso falar pelo Miguel mas ele acredita que é melhor do que o Jack [Miller]. E isso é normal. Ele tem de pensar assim ‘Se a KTM coloca o Jack acima de mim, então quer dizer que perderam a confiança em mim’. Essa deve ser a linha de pensamento que ele tem e entendo a sua atitude. Ele pensou na oferta da KTM por uns dois dias. Mas, quando estávamos na grelha, o pai dele informou o Pit Beirer que podiam deixar de contar com ele. Adorava ter o Miguel na equipa mas tenho de aceitar a sua decisão”, assumiu o responsável, semanas depois de Pit Beirer, patrão da KTM, manter todos os cenários em aberto.

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“Podes ver que o Miguel é muito sensível e alérgico a este tipo de eventos. Na segunda vez que tal acontece, ele disse logo à KTM ‘Esqueçam-me!'”, concluiu, recordando o que se tinha passado em 2020 quando, com uma vaga em aberto na equipa de fábrica pela saída de Zarco para a Ducati, o conjunto austríaco acabou por preferir apostar logo no sul-africano Brad Binder, que se vai manter em 2023.

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De recordar que, com as confirmações de Álex Márquez na Gresini Racing e de Álex Rins na LCR Honda, tudo aponta para que existam apenas duas opções para o futuro de Miguel Oliveira no MotoGP (a não ser que algum cenário mude de forma radical, o que não é provável): a Tech3, com um salário mais alto do que tem agora na equipa de fábrica da KTM, ou a nova RNF Aprilia. E se é certo que o português continua a não querer falar publicamente sobre o seu futuro, parece cada vez mais certo que irá mesmo para o projeto da formação italiana, que terá Aleix Espargaró e Maverick Viñales na equipa de fábrica. Outra das dúvidas que se colocam passa também pelo segundo piloto do conjunto que funciona agora como satélite da Yamaha, com Raúl Fernández a ser o mais desejado mas com Franco Morbidelli a surgir como hipótese.

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