A Rússia e a Ucrânia acusaram-se esta sexta-feira mutuamente de bombardear uma prisão numa região separatista do Donbass em que terão morrido dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos capturados após a queda de Mariupol, em maio.
Autoridades da Rússia e dos separatistas em Donetsk disseram que o ataque matou 53 prisioneiros de guerra ucranianos e feriu outros 75.
A Rússia e os separatistas ucranianos indicaram que a Ucrânia usou vários lança-foguetes HIMARS fornecidos pelos EUA no ataque à prisão em Olenivka, na região de Donetsk, controlada pela Rússia.
“De acordo com as informações disponíveis, o lado ucraniano disparou sobre a prisão onde estão detidos os membros do batalhão Azov, usando projéteis americanos do sistema HIMARS”, divulgou o Comité de Investigação Russo, o principal órgão de investigação da Rússia.
O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, descreveu o ataque como uma “provocação sangrenta” destinada a desencorajar os soldados ucranianos a renderem-se. Disse que oito guardas prisionais também foram feridos pelo bombardeamento.
Kiev nega e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia acusou por sua vez a Rússia de estar por detrás do ataque em território separatista pró-russo.
“A Rússia cometeu outro crime de guerra aterrorizante ao bombardear uma instalação prisional de Olenivka, na região ocupada, onde deteve prisioneiros de guerra ucranianos”, escreveu Kuleba no Twitter.
Russia has committed another petrifying war crime by shelling a correctional facility in the occupied Olenivka where it held Ukrainian POWs. I call on all partners to strongly condemn this brutal violation of international humanitarian law and recognize Russia a terrorist state.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) July 29, 2022
Os militares ucranianos negaram quaisquer ataques contra Olenivka, insistindo que não fizeram bombardeamentos em áreas civis e apenas atacaram alvos militares russos, e acusando as forças russas de bombardear deliberadamente a prisão para acusar a Ucrânia de crimes de guerra e encobrir torturas e execuções.
Nem as acusações dos ucranianos nem as dos russos ou dos separatistas puderam ser verificadas de forma independente.
Denis Pushilin, o líder separatista apoiado por Moscovo, referiu que a prisão tinha 193 reclusos, sem especificar quantos eram prisioneiros de guerra ucranianos.
Mais de 2.400 soldados ucranianos em Mariupol foram feitos prisioneiras após quase três meses de luta pelo porto de Azov, onde estavam escondidos no complexo siderúrgico Azovstal, e a sua resistência tornou-se um símbolo da luta ucraniana contra a invasão russa que começou em 24 de fevereiro.