Algumas dezenas de ucranianos manifestaram-se este domingo de manhã em frente à embaixada da Rússia em Lisboa contra o ataque que matou 50 prisioneiros de guerra da Ucrânia na região separatista de Donetsk.
Os ucranianos apelaram para o reconhecimento da Rússia como um estado terrorista e exibiam cartazes com imagens do ataque e do Presidente russo, Vladimir Putin.
Entre as frases exibidas podiam ler-se frases como “Sou Azov”, “Assassino, deixa a Ucrânia em Paz”, “Rússia is a terrorist state” (“Rússia é um estado terrorista”), “Your Country could suffer next #terror Rússia” (“O vosso país pode sofrer o próximo terror da Rússia”), “Stop Russia agression” (“Parem a agressão russa”) e “Putin #HUILO#” (em referência a uma canção folclórica ucraniana que ridiculariza o Presidente russo).
No protesto participou a ainda embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.
O ataque com mísseis a uma prisão em Yelenovka, na região separatista de Donetsk, causou na sexta-feira 50 mortos e 73 feridos graves entre prisioneiros ucranianos, parte deles membros do batalhão ultranacionalista Azov, que se rendeu na cidade ucraniana em Mariupol, tomada pelos russos.
Os separatistas pró-Rússia da Ucrânia acusaram as forças de Kiev de atacar a prisão com mísseis “supostamente HIMARS [sistema de ‘rockets’ de lançamento múltiplo norte-americano]” e o Ministério da Defesa russo responsabilizou mesmo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os Estados Unidos da América (EUA) pelo ataque.
Por seu lado, os serviços de inteligência da Ucrânia acusaram a empresa militar privada russa Wagner de ter operado o ataque e os militares ucranianos acusam a Rússia de manter os seus “métodos de propaganda de conduzir uma guerra de informação para acusar as Forças Armadas da Ucrânia de bombardear a infraestrutura civil e a população, ocultando assim as suas próprias ações insidiosas”.
A Ucrânia pediu à ONU e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que enviem uma missão a Donetsk para investigar o ataque.
Denis Pushilin, o líder separatista apoiado por Moscovo, referiu que a prisão tinha 193 reclusos, sem especificar quantos eram prisioneiros de guerra ucranianos.
Mais de 2.400 soldados ucranianos em Mariupol foram feitos prisioneiros após quase três meses de luta pelo porto de Azov, onde estavam escondidos no complexo siderúrgico Azovstal, e a sua resistência tornou-se um símbolo da luta ucraniana contra a invasão russa que começou em 24 de fevereiro.