Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico e mundial do triplo salto, lidera a lista esta quarta-feira divulgada dos 43 atletas convocados para representar Portugal nos Campeonatos Europeus de Atletismo, que se disputam em Munique, Alemanha, de 15 a 21 de agosto.
Em comunicado, a Federação Portuguesa de Atletismo confirmou a presença de 43 atletas nos Europeus, a maior delegação de sempre, que integra, pela primeira, um saltador em altura (Gerson Baldé), um lançador de dardo (Leandro Ramos) e uma estafeta de 4×400 metros.
Além de Pichardo, campeão olímpico em Tóquio2020 e mundial em Eugene2022, destacam-se na seleção portuguesa Patrícia Mamona, medalha de prata no triplo em Tóquio2020, João Vieira, quarto nos 50 km marcha dos últimos Jogos Olímpicos, e Auriol Dongmo, quarta em Tóquio2020.
João Vieira, com a sétima presença, vai tornar-se no atleta luso com mais participações Europeus, enquanto Inês Henriques, Sara Moreira e Patrícia Mamona vão chegar à sexta presença, o mesmo número que tem Fernanda Ribeiro.
Portugal conquistou 36 medalhas em Campeonatos da Europa de atletismo, 15 delas de ouro, 13 de prata e oito de bronze.
Rosa Mota subiu ao lugar mais alto do pódio na maratona em Atenas1982, Estugarda1986 e Split1990, enquanto na maratona de Helsínquia1994 e de Budapeste1998 a vencedora foi Manuela Machado.
Já Fernanda Ribeiro foi ouro nos 10.000 metros Helsínquia1994, distância em que António Pinto venceu em Budapeste1998 e Dulce Félix triunfou em Helsínquia2012.
Na velocidade, Francis Obikwelu venceu os 100 metros em Munique2002 e Gotemburgo2006, local onde também venceu os 200 metros.
Mais recentemente, Patrícia Mamona ganhou o triplo e Sara Amoreira a meia-maratona em Amesterdão2016, enquanto Nélson Évora, no triplo, e Inês Henriques, nos 50 km marcha, venceram em Berlim2018.
Assim, Portugal vai apresentar na Alemanha três atletas que já subiram ao lugar mais alto do pódio em Europeus: Patrícia Mamona, Inês Henriques e Sara Moreira.
Depois de Berlim2018, os Europeus voltam a disputar-se na Alemanha, uma vez que a edição de 2020, prevista para Paris, ter sido cancelada devido à pandemia de covid-19.
Lista dos 43 atletas portugueses convocados:
Masculinos:
- 100 metros: Carlos Nascimento
- 110 metros barreiras: Abdel Larrinaga, João Vitor Oliveira
- 400 metros: João Coelho
- 4×400 metros: Ericsson Tavares, Mauro Pereira, Ricardo Dos Santos
- 1.500 metros: Isaac Nader
- 3.000 metros obstáculos: Etson Barros, Miguel Borges, Simão Bastos
- 10.000 metros: Samuel Barata
- Maratona: Hermano Ferreira, Luís Saraiva, Fábio Oliveira (selecionado para a Taça da Europa de Maratona) e Rui Pinto (selecionado para a Taça da Europa de Maratona)
- Lançamento do dardo: Leandro Ramos
- Lançamento do peso: Tsanko Arnaudov
- Salto em altura: Gerson Baldé
- Triplo salto: Pedro Pablo Pichardo, Tiago Pereira
- 20 km marcha: Hélder Santos, João Vieira, Paulo Martins
- 35 km marcha: João Vieira
Femininos:
- 100 metros: Lorene Bazolo
- 100 metros barreiras: Olímpia Barbosa
- 200 metros: Lorene Bazolo
- 400 metros: Cátia Azevedo
- 400 metros barreiras: Vera Barbosa
- 1.500 metros: Marta Pen
- Maratona: Sara Moreira, Solange Jesus, Susana Cunha
- Lançamento do disco: Irina Rodrigues, Liliana Cá
- Lançamento do peso: Auriol Dongmo, Jessica Inchude
- Salto em comprimento: Evelise Veiga
- Triplo salto: Patrícia Mamona
- 20 km marcha: Ana Cabecinha, Carolina Costa, Joana Pontes
- 35 km marcha: Inês Henriques, Vitória Oliveira
Pichardo admite que “antes era difícil andar na rua” devido às “polémicas”
Pichardo confessou esta quarta-feira que o reconhecimento que sente dos portugueses é diferente do que existia no passado.
“Há dois ou três anos as coisas mudaram muito. Não podemos esquecer e negar as situações que aconteceram quando cheguei ao país. Antes era mais difícil quando andava na rua, havia muitas polémicas”, lembrou o atleta nascido em Cuba e naturalizado português em 2017, que foi ontem homenageado pela Câmara Municipal de Setúbal, no Complexo Desportivo onde treina.
Pedro Pablo Pichardo, que juntou o ouro do Mundial, graças a um salto de 17,95 metros, ao olímpico conquistado há um ano nos Jogos Tóquio2020, garante que a realidade é atualmente outra.
“Depois tudo mudou e as pessoas já falam melhor comigo. Já consigo falar português e percebo melhor também. Tudo tem mudado, agora, mesmo quando vou ao ‘shopping’ ou supermercado com a minha família, ou ando pela rua, tem sido muito bom”, refere.
Menos de um ano depois de ter descerrado uma placa alusiva ao título de campeão olímpico conquistado no Japão, Pedro Pablo Pichardo não escondeu a sua satisfação por ter agora voltado a ser alvo de homenagem idêntica pelo município setubalense.
“É uma sensação muito boa. A única maneira que tenho de agradecer é continuar a ter bons resultados. Desde que cheguei a Setúbal sempre fui bem acolhido. Estou muito grato e feliz pela placa. Foi uma homenagem muito bonita e que me deixa muito feliz”, disse.
Marcelo, Costa e Santos Silva felicitam Pedro Pichardo pelo título mundial
Sobre a possibilidade de juntar novas homenagens às existentes no local onde treina, o atleta, de 29 anos de idade, garante que não vê esse aspeto como uma pressão extra, pelo contrário.
“Pessoalmente, motiva-me. Encaro esse desafio como mais um rival ou competição que tenho de encarar da melhor maneira para continuar a conquistar títulos e depois esperar as placas”, afirmou.
Já a pensar no Campeonato da Europa de Atletismo, que decorre em Munique (Alemanha), de 15 a 21 de agosto, e na Liga Diamante, o saltador não hesita em apontar ao lugar mais alto do pódio.
“É como sempre digo: gosto de competir e ganhar. Na minha cabeça está sempre a vitória. Tenho tido muitas competições e a viagem da América deixou-me fatigado, mas já estamos a trabalhar e espero que a partir de sábado comecem a sair bons resultados”, disse.
A ambição de Pedro Pablo Pichardo leva-o a afirmar que bater o recorde do mundo, cujo recordista mundial é o britânico Jonathan Edwards, com 18,29 metros, não é um sonho, mas um objetivo.
“Sonho é quando uma coisa está muito distante ou é até impossível de conquistar. No meu caso, tenho trabalhado e sinto-me muito bem física e psicologicamente também. Durante a competição estou com muita adrenalina e aí perco muitos centímetros. Já estamos a trabalhar a pensar nessa fase e agora resta esperar para ver o que acontece”, vincou.
Questionado sobre as razões que o levaram a não comparecer na zona de chegadas do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com a restante comitiva que representou Portugal na competição que se realizou em Eugene, nos EUA, o português justificou-se dizendo que “estava morto” e pediu para não o levarem a mal.
“Ainda estou cansado. Estava rebentado, cansado. A viagem não foi boa, houve atrasos no embarque… estava mesmo morto. Pedi à Federação se podia agendar a imprensa para outro dia, mas não foi possível. Espero que as pessoas entendam e não levem a mal. Estou sempre disponível e espero que entendam”, disse.
Na homenagem a Pedro Pablo Pichardo, que descerrou a placa alusiva ao título mundial juntamente com o vereador do Desporto de Câmara de Setúbal, Pedro Pina, estiveram, entre outros, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, e Paulo Frischknecht, presidente da Fundação do Desporto.