O Irão disse que irá “estudar” a nova proposta da União Europeia (UE) para salvar o acordo nuclear de 2015, após terem sido alcançados “progressos relativos” durante quatro dias de negociações em Viena.
“Essas questões devem ser estudadas em profundidade e daremos a nossa resposta final ao coordenador em Viena”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, esta terça-feira, em comunicado.
O ministério admitiu que “avanços relativos em algumas questões” foram alcançados nesta ronda de negociações na capital austríaca, mas não considerou o acordo fechado.
“As preocupações da equipa de negociação iraniana são defender os direitos do povo iraniano, proteger os seus interesses, garantir a implementação dos compromissos do outro lado e impedir que os EUA repitam atos ilegais”, sublinhou o comunicado.
As negociações terminaram na segunda-feira, com a UE, coordenadora das conversações, a submeter uma proposta, confirmou esta terça-feira o chefe da diplomacia europeia.
“Por trás de cada questão técnica e de cada parágrafo há uma decisão política que deve ser tomada nas capitais”, alertou Josep Borrell, acrescentando que, “se essas respostas forem positivas, podemos assinar este acordo”.
Após um bloqueio de diversos meses, os diplomatas do conjunto das partes (Irão, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) regressaram a Viena na quinta-feira com o objetivo de recuperar o moribundo acordo de 2015.
O pacto, designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês) destina-se a garantir o caráter civil do programa nuclear iraniano, acusado de pretender possuir a arma atómica, apesar dos desmentidos de Teerão.
Teerão está envolvido há mais de um ano em negociações diretas com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, e com os Estados Unidos indiretamente, para relançar o acordo.
As negociações de Viena destinam-se a fazer regressar os Estados Unidos a este acordo — do qual se retiraram unilateralmente em 2018 durante a administração de Donald Trump — em particular através do levantamento das sanções contra o Irão e de garantias do pleno respeito de Teerão pelos seus compromissos.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que Teerão nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender.
No entanto, após a retirada unilateral dos Estados Unidos e a reimposição de sanções económicas a Teerão, o Irão também começou a não respeitar os seus compromissos e iniciou uma aceleração gradual do seu enriquecimento de urânio.
A última medida do Irão ocorreu na segunda-feira passada, quando começou a injetar gás a 500 centrifugadoras avançadas, em reação às recentes sanções dos Estados Unidos contra seis companhias asiáticas por terem facilitado exportações de petróleo iraniano.
O atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou após a sua tomada de posse pretender um regresso ao acordo.