As autoridades do Brasil e do Paraguai anunciaram um acordo para reduzir em 8,2% a tarifa para este ano da energia gerada pela hidroelétrica de Itaipu, partilhada pelos dois países, a primeira redução desde 2009.

“Paraguai e Brasil ratificam o compromisso de um diálogo aberto e permanente, apostando sempre no melhor aproveitamento do recurso energético fornecido pela Itaipu“, disse na terça-feira o Ministério de Minas e Energia brasileiro, num comunicado.

A parte brasileira defendia uma tarifa de 18,97 dólares (18,58 euros) por quilowatt, enquanto a parte paraguaia pretendia manter o valor em 22,60 dólares (22,12 euros), “ampliando o valor disponível para as despesas de exploração“, referiu o comunicado.

No final, os dois países chegaram a acordo, fixando a tarifa em 20,75 dólares (20,32 euros) por quilowatt.

“É a primeira redução da tarifa de Itaipu após 13 anos, permitindo a redução da conta de luz do consumidor da energia” gerada pela hidroelétrica, disse o ministério.

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A redução da tarifa de Itaipu tinha sido discutida anteriormente pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o seu homólogo paraguaio, Mario Abdo Benítez, em diferentes reuniões.

Os dois países sul-americanos fecham assim um dos pontos pendentes de renegociação dentro do tratado fundador da empresa binacional Itaipu, que completará 50 anos em 2023.

Com 20 unidades geradoras e 14 gigawatts de potência instalada, Itaipu fornece cerca de 10,8% da energia consumida no Brasil e 88,5% do consumo paraguaio.

No final de 2021, o Brasil atravessou a maior crise hídrica dos últimos 90 anos, que baixou ao mínimo os níveis de água das barragens, reduziu a energia gerada pelas hidroelétricas e obrigou o governo a contratar termoelétricas caras para evitar um apagão.

As hidroelétricas são responsáveis por mais de 70% da energia consumida pelo Brasil.

A crise hídrica, que fez subir o custo da eletricidade, causou perdas de 8,2 mil milhões de reais (1,2 mil milhões de euros) no Produto Interno Bruto (PBI) do Brasil em 2021, uma queda de 0,11%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) brasileira.

Segundo o estudo da CNI, estima-se que em 2022 as perdas do PIB do Brasil com a crise hídrica saltarão para 14,2 mil milhões de reais (2,2 mil milhões de euros), o que representa uma queda de 0,19% do PIB.