A ministra da Agricultura garantiu esta quarta-feira que o Governo “está a fazer tudo” para apoiar o setor, através de apoios extraordinários, sublinhando que existe uma verba de 100 milhões de euros que está comprometida aos agricultores.
O Ministério da Agricultura já disponibilizou e anunciou um conjunto de apoios que permitem aos agricultores ter previsibilidade, inclusivamente poderem fazer intervenções junto da banca […]. São mais de 100 milhões de euros, neste momento, que estão comprometidos para chegar aos agricultores”, disse Maria do Céu Antunes.
A governante falava aos jornalistas à margem de uma visita a uma unidade de produção de citrinos no Morgado da Torre, em Portimão, que se encontra a ser abastecida por água proveniente de dois furos recentemente reabilitados.
Com a “gravidade da situação que vivemos, seja por via da seca, da guerra, ou até da pandemia, e dos efeitos da pandemia, claramente, nós temos a necessidade, também, de apoiar extraordinariamente os agricultores e é isso que estamos a fazer, lutamos por isso cá dentro, lutamos por isso lá fora”, frisou.
Instada pelos jornalistas a responder às críticas dirigidas à tutela pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que disse ser “inexistente” a resposta do Governo para mitigar o impacto da seca no setor da produção e da alimentação animal, a governante devolveu a pergunta.
“É melhor perguntar porque é que durante a campanha eleitoral a própria CAP aconselhou os eleitores a não votar no Partido Socialista”, retorquiu.
A unidade de produção de citrinos que a ministra visitou está a ser abastecida por água de dois furos reativados entre maio e junho, quando deveria ter tido início a campanha de rega, que este ano não pôde arrancar devido à restrição, em fevereiro, do uso de água na barragem da Bravura, em Lagos, para a rega.
“Isto nunca esteve assim. É uma situação preocupante e, se não arranjássemos esta alternativa, era a morte do pomar”, desabafou Manuel Reis, da Frutas do Sotavento Algarvio (Frusoal), organização de produtores a que pertence aquela unidade de produção no Morgado da Torre, em Portimão.
No entanto, a utilização da água proveniente dos dois furos, que é injetada no canal de rega ali existente, fez aumentar em 10 vezes o custo da energia, que passou a ser de 30 cêntimos por metro cúbico de água, quando antes era três cêntimos.
Ao todo, somando os dois furos, são injetados naquele canal de rega 45 litros de água por segundo, alimentando cerca de um terço do perímetro de rega de Alvor, que abrange os concelhos de lagos e Portimão, mas também os campos de golfe da Penina, que se situam naquela zona.
Segundo a ministra, a agricultura, “não sendo a atividade principal no Algarve, é muito importante”, uma vez que muitas zonas na região “não têm turismo, mas têm um aproveitamento agrícola que é fundamental para garantir” o auto aprovisionamento e as exportações.
Lembrando que não chove na região “há muitos meses”, Maria do Céu Antunes referiu que há a “expectativa infeliz de que quando chover seja de forma torrencial” e, se não houver capacidade de reter a água, não poderá ser utilizada quando for necessária.
Os lençóis freáticos são para preservar, só podem ser utilizados em último reduto, as barragens têm de ser tratadas, trabalhadas, eventualmente até alteadas, aliás, a intervenção que estamos a fazer na [barragem da] Bravura é muito importante para permitir fazer uma captação inteira do volume disponível, mas também para permitir utilizá-la na sua plenitude”, concluiu.