O filme “Nação Valente”, de Carlos Conceição, foi este sábado distinguido no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, com os prémios do Júri Jovem e Europa Cinemas Label, de acordo com o anúncio dos respetivos júris.
“Nação Valente”, segunda longa-metragem do realizador luso-angolano Carlos Conceição, que reflete sobre o fim do colonialismo português e os traumas do pós-guerra colonial, foi selecionado para a competição oficial da 75.ª edição do festival.
A história passa-se em dois momentos temporais, já no final da guerra colonial, cruzando duas realidades: a de grupos independentistas, que reclamam os seus territórios, e a de militares portugueses, ancorados ainda aos ideais nacionalistas de defesa da Pátria.
Interessou-me sempre, de um ponto de vista cinematográfico, uma história que se passasse num tempo de guerra e num contexto de uma guerra que nós associamos a uma história muito recente de Portugal”, explicou o realizador em entrevista à agência Lusa, na véspera do início do festival, no passado dia 03.
“Eu gosto de pensar que este filme não é tanto sobre a Guerra Colonial quanto é sobre as ideias velhas, esses muros que ainda não conseguimos transpor. Nós, as pessoas. Eu considero que os transponho diariamente e eu acho que toda a gente deve fazer esse esforço de transpor essas ideias antigas, essas ideias velhas e ultrapassar os preconceitos e as limitações que certos conservadorismos implicam”, afirmou.
Carlos Conceição nasceu em Angola, em 1979, filho de três gerações de angolanos, há mais de cem anos ligados ao país. O realizador, que tem nacionalidade angolana e portuguesa, já tinha abordado no cinema a relação com Angola e África, nomeadamente em “Serpentário” (2019), a primeira longa-metragem.