Luís Fernandes lutou como conseguiu após ter perdido muito cedo a equipa da Rádio Popular Boavista, Alejandro Marque atacou demasiado cedo quase que lutando contra as contrariedades que foi sofrendo ao longo do dia mas a Glassdrive voltou a ter uma exibição de excelência na mítica etapa da Senhora da Graça, penúltima tirada da Volta a Portugal que acabou com qualquer dúvida que pudesse ainda existir no que toca à grande dominadora desta edição a partir do momento em que a W52 FC Porto viu a sua licença desportiva suspensa (e os seus corredores afastados). No entanto, a grande decisão ficou em aberto.

A limpeza total da Glassdrive entre uma despedida de honra de Marque: António Carvalho vence na Senhora da Graça

Depois de um trabalho fantástico de Fábio Costa, que partiu por completo o pelotão e deixou a decisão resumida à sua equipa, a Luís Fernandes e Alejandro Marque, António Carvalho pegou na batuta no início da subida para a Senhora da Graça e acabou por terminar mesmo com a vitória, tendo a seu lado os dois primeiros classificados da geral, Frederico Figueiredo e Maurício Moreira. No entanto, a história poderia ser bem diferente, perante as dificuldades que o uruguaio sentiu na subida e que abrandou o ritmo.

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“É nestes momentos que vemos os grandes ciclistas e o Maurício passou uma fase complicada mas tentámos que ele chegasse aqui connosco para também não perder tempo para mim. Ele é o mais forte candidato a vencer a Volta. Sete segundos se calhar não vai ser o suficiente para vencer a Volta a Portugal, mas não estou preocupado com isso. O que interessa é a equipa vencer, isso é o mais importante. Aqui costuma-se dizer que a camisola amarela dá asas, vamos ver o que acontece”, tinha assumido Frederico Figueiredo, que ganhou em Miranda do Corvo e esteve sempre em destaque nas subidas.

Frederico Figueiredo vence quinta etapa e sobe à liderança da Volta a Portugal

“Estou numa boa posição para ganhar a Volta mas não quero pensar nisso até amanhã [segunda-feira]. Hoje passei um dia a sofrer, bastante difícil, e amanhã a estrada vai colocar cada um no seu sítio. Estava a sofrer bastante, foi uma subida bastante difícil para mim. Estou outra vez com dores no joelho, e estou a sofrer bastante, mas amanhã, graças a Deus, é o ultimo dia. Ainda estamos na frente e, se Deus quiser, vai correr tudo bem para a equipa e isso deixa-me muito contente”, admitira Maurício Moreira, que no prólogo em Lisboa tinha acabado com o segundo melhor registo apenas atrás de Rafael Reis.

Maurício Moreira vence na Torre e sobe à liderança da Volta a Portugal

Contas feitas, o contrarrelógio que ligava esta tarde Porto a Vila Nova de Gaia ao longo de pouco mais de 18 quilómetros (e com ação policial reforçada, para evitar qualquer tipo de problema depois da suspensão pela UCI da licença desportiva da W52 FC Porto) terminaria sempre com a vitória da Glassdrive na geral, ficando apenas por saber se a amarela passava para Maurício Moreira ou se ficava com Frederico Figueiredo, sendo que Rafael Reis, atual campeão nacional de contrarrelógio, partia como um dos grandes favoritos à vitória na décima e última etapa. Assim ficou… até à saída dos corredores do top 25.

Tendo o melhor registo do dia com 26.22 apesar de ter admitido que já estava a acusar o desgaste de toda a prova (sobretudo até das subidas e do trabalho para a equipa), Rafael Reis acabou por ser ultrapassado por apenas dois segundos pelo espanhol Asier Etxeberria, da Euskatel-Euskadi. Antes, Oliver Rees, da Trinity Racing, já tinha feito também um bom registo, a cinco segundos do campeão nacional. No entanto, era pela saída dos homens da frente que mais se esperava, fosse pela decisão da camisola amarela, fosse pelos últimos quilómetros numa Volta a Portugal de Alejandro Marque, que termina este ano a carreira a par de Tiago Machado, que acaba também em 2022 um longo trajeto agora pela Rádio Popular Boavista.

Vicente de Mateos, que fez uma Volta muito discreta pelo Louletano, fez também um grande contrarrelógio final, ficando em terceiro a três segundos do espanhol. Não foi nesse momento que o tempo de Asier Etxeberria caiu, foi pouco depois… e por um companheiro de equipa: quando os cinco primeiros já tinham saído do Porto, Txomin Juaristi conseguiu passar para a liderança com 26.15, ficando à porta de uma possível entrada no top 10 da geral. Mas a história estava ainda por escrever, com António Carvalho a voar com 25,28 que pulverizou por completo os registos até esse momento num momento em que, no plano virtual, Moreira já estava na frente de Frederico Figueiredo, que conseguiria no limite fazer o sétimo tempo num grande registo pessoal no contrarrelógio. Assim foi, com triunfo na etapa (25,07).

Desta forma, o uruguaio conseguiu ultrapassar a frustração de 2021, quando hipotecou a primeira vitória na Volta a Portugal com uma queda numa curva do contrarrelógio. Moreira terminou com uma vantagem de 1.09 para Frederico Figueiredo, ao passo que António Carvalho, também da Glassdrive, saltou para a terceira posição da geral a 2.35. Luís Fernandes, da Rádio Popular Boavista (3.44), e Alejandro Marque, do Atum General Tavira (5.17) ficaram no quarto e quinto lugares depois do contrarrelógio.