O presidente do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), Paulo Viegas Nunes, garantiu esta terça-feira que a rede “não tem falhas na sua construção” nem rejeita chamadas, e nem falhou nos incêndios deste ano.
“O SIRESP não rejeita chamadas, sequência chamadas, e garante dentro da emergência mecanismos de emergência, porque não está em causa a sua disponibilidade numa situação que coloque em risco a vida humana ou que implique uma ação imediata, já que o sistema tem um mecanismo de chamadas de emergência que não ficam em fila de espera“, disse o responsável a jornalistas na sede do SIRESP, uma rede de comunicação que tem sido criticada nos últimos anos por diversas vezes devido à alegada falta de resposta na luta contra os incêndios.
Paulo Viegas Nunes, mas também outros responsáveis da rede explicaram aos jornalistas, no local, o funcionamento do SIRESP, com exemplos, tendo o presidente explicado que a rede continuou a funcionar mesmo quando tudo possa ter ardido à volta.
No incêndio da serra da Estrela, que dura há mais de uma semana, a generalidade dos operadores ficaram sem comunicações porque as suas estruturas arderam “mas a rede SIRESP continuou a funcionar” e foi, em muitos casos, “a única rede que estava ativa”.
“A rede cumpriu e cumpre até os dias que decorrem. Do registo que temos, desde o inicio da época de fogos houve uma estação base que independentemente de ter ardido a conectividade ardeu também a infraestrutura. Tal ocorreu as 18h06 e às 02h00 a estação estava reposta”, disse.
Na explicação do funcionamento da rede foi referido que os “rádios” têm mais funções além da comunicação, como a de repetidor, aumentando o perímetro de cobertura. “Em última análise o sistema funciona só com rádios“, disse o presidente.
Ou seja, acrescentou, “a rede está a funcionar permanentemente” e isso não foi contrariado no incêndio atual, da serra da Estrela, nem no incêndio de Leiria, no mês passado, disse.
Viegas Nunes explicou que rede SIRESP tem um sistema de fila de espera, em que uma chamada que não é satisfeita de imediato, porque há uma saturação, vai para essa fila. Mas o que acontece muitas vezes, adiantou, é que o operacional não atendido vai carregando na “patilha de falar“, pelo que a chamada vai sempre para trás na fila. Se carregar apenas uma vez “entra no sistema numa média de três segundos”, disse, frisando que o SIRESP não rejeita chamadas.
Tal situação indica falta de formação sobre como funciona a rede? Paulo Viegas Nunes negou a frase “falta de formação” mas admitiu que há “falta, muitas vezes, de entendimento do funcionamento da rede”, explicando que o SIRESP está a procurar partilhar informação sobre como a rede funciona, através de ações que ou já decorreram ou que vão decorrer.
O SIRESP, disse, requer formação contínua, até porque está a ser repensado e a ser preparado para a transição para outra geração de comunicações, de banda mais larga.
“Se existe necessidade de formação no sentido lato do termo tenho a noção de que existe“, disse. Questionado pelos jornalistas não apontou no entanto que tenha sido essa a causa para sete bombeiros terem ficado sem comunicações na segunda-feira, no incêndio da serra da Estrela.
O SIRESP tem cerca de 37.000 utilizadores (especialmente Proteção Civil, GNR e PSP) e pode ir até 53.000, tanto mais que tem solicitações de entidades que não estão diretamente ligadas a emergência e segurança do Estado mas que estão na esfera do Estado, disse o responsável.
Vitor Custódio, que explicou o modo de funcionamento da rede, disse que se uma das 247 estações base perder a ligação todo os rádios a ela ligados podem continuar a funcionar.
Na semana passada o Governo anunciou que o SIRESP vai ter um novo investimento de 4,2 milhões de euros em equipamentos de redundância para assegurar as comunicações via satélite em caso de falha dos circuitos terrestres.
SIRESP vai receber novo investimento para garantir comunicações, anuncia Governo
Esse investimento, com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência, já estava programado disse Viegas Nunes.