As coisas nem tinham corrido da melhor forma na prova anterior, quando Miguel Oliveira acabou por ter de desistir após sofrer um toque numa trajetória de curva mais larga por Pol Espargaró. No entanto, no mesmo Red Bull Ring em Spielberg, a tempestade não demorou a passar a bonança e, naquela que foi para muitos a melhor ultrapassagem de 2020, o português superou na última curva Jack Miller e Pol Espargaró e conquistou a primeira vitória de sempre no MotoGP no Grande Prémio da Estíria. Foi um fim de semana quase perfeito, com a KTM a colocar duas motos no pódios e o piloto então da Tech3 a fazer a festa a correr em “casa”. Dois anos depois, prepara agora a última corrida pela marca austríaca naquele traçado.
Ao contrário do que vai acontecer com a KTM, que deve anunciar este fim de semana o seu primeiro piloto na Tech3 para 2023 com a possibilidade forte de ser Pol Espagaró (agora na Honda), Miguel Oliveira não irá apresentar qualquer novidade em relação ao futuro, mesmo estando certa a saída da equipa austríaca depois da contratação de Jack Miller para ser companheiro de Brad Binder na formação de fábrica. No entanto, e por mais um fim de semana consecutivo, a mudança para a Aprilia foi confirmada… por outros. Mais: em entrevista ao portal Speedweek, Stefan Pierer, diretor executivo da Pierer Mobility (que é dono da KTM), utilizou o português como bom exemplo de como pode haver uma separação entre piloto e equipa, falando ainda do caso de Jorge Martín para comparar com o “mau exemplo” de Raúl Fernández.
“Não queríamos colocar-nos no caminho do Jorge Martin na altura [2020], não apenas por ter sido bem sucedido connosco,mas também porque é um rapaz simpático. Estas situações dependem sempre das pessoas. Na Áustria temos um ditado que diz ‘As pessoas entendem-se a falar’. É diferente se alguém nos trata decentemente e negoceia de forma sensata, como o caso do Miguel Oliveira. Estou feliz por saber que ele encontrou uma boa equipa. A Aprilia não é nada má, será interessante. Mas se alguém só sabe ser presunçoso e arrogante, isso não é suficiente”, comentou o responsável dos austríacos.
“Tentámos de tudo com o Raúl Fernández. É desapontante. Fizemos tudo por ele, até contratámos o irmão dele para o Moto3. Fizemos tudo para lhe dar um contexto globalmente bom. Esperávamos mais dele mas estas situações de deceção são parte dos desportos motorizados”, acrescentou, sem confirmar o alegado pedido de um milhão de euros de indemnização para a saída do espanhol no final da temporada.
“Não sei o valor certo mas disse ao Pit Beirer [diretor da KTM] que é essencial recebermos algum tipo de verba por esta transferência, como acontece no futebol. Conheço o Pit, não é um exagerado. Mas investimos imenso dinheiro no Raúl Fernández, trouxémo-lo da Red Bull Rookies Cup para o Moto3, Moto2 e depois para o MotoGP. Não nos deu qualquer resultado em 2022″, referiu ainda Stefan Pierer sobre o braço de ferro com o piloto espanhol que tem vindo a ser apontado também à RNF Aprilia onde deverá estar Miguel Oliveira na próxima época embora não seja a única opção equacionada pela equipa.
