Muitas vezes a resposta às perguntas não está naquilo que se diz mas naquilo que aquilo que se quer dizer. Um exemplo prático, que aconteceu agora no regresso do Mundial de MotoGP com Pol Espargaró: todos tinham noção de que não ficará na Honda, todos sabiam também da vontade da KTM em ter uma equipa mais competitiva na Tech3, todos imaginavam como iria terminar essa novela. Agora, em Silverstone, o espanhol não disse taxativamente onde estaria em 2023 mas, “lendo” as suas palavras, acabou por dizer.

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“Não posso dizer nada ainda mais tenho o futuro muito claro. Já assinei por duas épocas e vou para a equipa que quero ir. Tenho muita sorte porque vou para uma moto, vou com um bom salário e vou para o lugar para onde quis ir quando a Sukuzi decidiu abandonar o campeonato. É uma moto familiar”, referiu o agora piloto da Honda (com uma época para esquecer até ao momento) que já passou antes pela Tech3 e que, com menos uma equipa no Mundial, percebeu que a melhor solução seria regressar à KTM.

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A relação entre Pol Espargaró e Miguel Oliveira não é propriamente fácil, como se viu sobretudo no ano de 2020 mais “aceso” entre ambos, mas o exemplo do espanhol acaba por mostrar também os dilemas que o português enfrenta nesta fase em assumir qual será o seu futuro (já assegurado) no MotoGP. “Quando puder dizer alguma coisa vou certamente anunciar mas para já não o posso fazer devido a prazos contratuais. O meu futuro passa por aqui [MotoGP] e é por aqui que ficarei nos próximos anos”, referiu esta quinta-feira. Mas o que queria na verdade dizer? A explicação surgiu no programa Motogepeando.

“Não posso anunciar por prazos contratuais mas o meu futuro passa pelo MotoGP muitos anos”: o regresso de Miguel Oliveira ao Mundial

“Falei com gente de Aprilia e perguntei-lhes ‘Quando raio vão anunciar o Miguel Oliveira?’ e a pessoa da comunicação disse-me ‘Tenho todos os papéis prontos, os comunicados. Tenho tudo escrito, só espero ordens’. Depois disso, fui ver alguém da equipa RNF e falei com o patrocinador, a WithU, que estará com eles no próximo ano, com a mesma questão. E ele sorri e diz-me ‘É que há uma cláusula no contrato do Miguel Oliveira com a KTM que se patina um pouco, se diz uma frase errada ou fala mais do que deve sobre o futuro, irá custar-lhe uma multa enorme. Por isso o Miguel não pode falar do seu futuro, do seu contrato… Esta cláusula chega até setembro, por altura do Grande Prémio de San Marino. Aí ficará livre e aí deverá ser oficial”, revelou o jornalista Manuel Pecino, que faz o programa com Chicho Lorenzo.

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Já antes o pai de Jorge Lorenzo tinha deixado rasgado elogios ao português, assumindo mesmo que não percebia o porquê de a KTM trocar o piloto português por Jack Miller como já está confirmado no ano de 2023 e que a Aprilia (com quem mantém boas relações) seria o próximo destino de Miguel Oliveira. Certo ou não, e enquanto não chega essa prova que marcará a despedida do antigo vice-campeão mundial Andrea Dovizioso, o ainda membro da marca austríaca vai continuar a tentar subir mais posições do que o décimo lugar que ocupa no Mundial, terminando as duas primeiras sessões de treinos livres para o Grande Prémio da Grã-Bretanha, onde não costumar marcar grandes resultados, com o sexto melhor registo.

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