Cerca de 1.295 migrantes chegaram ao Reino Unido na segunda-feira atravessando o Canal da Mancha em pequenas embarcações — um novo recorde diário, apesar dos sucessivos planos do Governo conservador britânico para travar o fenómeno.

A chegada dos migrantes fez-se em 27 barcos e ultrapassou o recorde anterior estabelecido em novembro de 2021, afirmou o Ministério da Defesa britânico.

Desde o início de 2022, 22.670 migrantes completaram aquela que é uma das mais perigosas travessias no mundo, quase o dobro do registado na mesma altura no ano passado.

Em 2021, registou-se no total a chegada de 28.500 migrantes ao Reino Unido pelo Canal da Mancha, um número que ultrapassou todos os valores desde o início da travessia em 2018, com o fecho do porto francês de Calais e do Túnel da Mancha.

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Segundo um relatório parlamentar britânico recente, a estimativa para este ano é que 60 mil pessoas cheguem ao Reino Unido por esta via, apesar das repetidas promessas do Governo conservador britânico, desde o Brexit, em apoiar financeiramente a França para ajudar a reforçar a sua vigilância costeira e em fortalecer o acolhimento de migrantes.

Londres chegou a assinar um acordo controverso com o Ruanda para enviar para esta nação da África Oriental os requerentes de asilo que chegam ilegalmente ao país.

Apesar de nenhuma deportação ter efetivamente acontecido, um primeiro voo chegou a estar marcado para junho, mas acabou por ser cancelado depois de uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH).

Ainda assim, ambos os candidatos para suceder ao antigo primeiro-ministro Boris Johnson, Rishi Sunak e Liz Truss, já se comprometeram em continuar com esta política.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde 2014 pelo menos 203 pessoas já morreram ou desapareceram, em mar ou em terra, na tentativa de chegar ao norte do Reino Unido pela costa da França, sendo que no final de 2021, 27 pessoas foram vítimas de naufrágio.