O bispo de Viseu, António Luciano, considerou esta quinta-feira que os “terríveis incêndios” que se têm registado em Portugal são “um cenário de terrorismo, de mão criminosa, de uma outra guerra que é preciso denunciar”.
“Não podemos ficar calados e indiferentes. É preciso reagir para pôr termo a tão grande mal. Numa visão teológica da fé são grandes pecados sociais, que devemos saber reparar com respostas de amor e de um bem maior para todos”, referiu António Luciano, num texto publicado no ‘site’ da diocese, intitulado “Senhor, livrai-nos do fogo dos incêndios”.
No seu entender, “estes incêndios são um sinal da presença do mal no mundo dos dias atuais” e os cristãos são convidados “a construir o bem e a vencer o mal que acontece na natureza e no mundo” com a sua oração e ação.
O prelado manifestou a sua solidariedade às populações, aos bombeiros e aos elementos da proteção civil e das autoridades, “que incansavelmente combatem até à exaustão tão grande inimigo da natureza”, e apelou à responsabilização dos culpados.
“O fogo provocado nas florestas e campos agrícolas, por descuido e incúria de muitos, ou mesmo causado por mão criminosa, tem sempre uma desculpa e um sujeito responsável. Têm de se responsabilizados os autores de tão grandes desgraças e devemos pensar no bem daqueles, que durante estes dias, não tiveram paz, sossego e tranquilidade para combater as chamas”, frisou.
Lembrando que os membros do Governo se reuniram com responsáveis das autarquias afetadas pelos incêndios da serra da Estrela para decidir medidas a tomar, António Luciano defendeu que “é preciso apostar na prevenção, inovação e organização das florestas, nas acessibilidades locais, abrir estradas de acesso, apostar na vigilância controlada por sapadores, guardas-florestais, bombeiros, proteção civil e populações”.
Na sua opinião, “não basta dizer que Portugal é um jardim à beira-mar plantado, é preciso cuidar dele e com urgência e emergência”.
Atendendo à “seca tão severa e continuada” que se vive e aos “incêndios descontrolados“, o bispo de Viseu pediu aos cristãos que promovam “uma cultura de prevenção de incêndios e de cuidado pela natureza, respeitando-a e cuidando dela no seu todo”, e que façam surgir na diocese “um movimento de oração, para pedir o fim da pandemia e a paz no mundo, o dom da chuva e o fim dos trágicos incêndios”.
Para António Luciano, “todos estes acontecimentos são motivo de reflexão e meditação” e fazem-no questionar: “Porque acontece tudo isto no mundo? São tudo causas naturais? Negligência humana ou maldade consciente e criminosa de muitos?”
“Perante a impotência dos governantes, dos bombeiros, da proteção civil, do exército, da GNR e das populações para dominar e apagar os diversos fogos, fico reduzido à minha insignificância”, referiu, considerando que, “diante de uma área ardida tão grande, com a destruição de bens, de vidas e a incapacidade de dominar os incêndios, o povo anónimo, exausto diante de tanto sofrimento, angústia e desespero”, afirma que se trata do “inferno a arder“.