O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registou 3.358 focos de queimadas, no último dia 22, na Amazónia. Estes dados representam o maior número verificado no mês de agosto desde 2002.

De acordo com o Folha de S. Paulo, o satélite da Inpe notificou, no dia 23 de agosto de 2022, por volta de 3.548 focos de calor e no dia 25 outras 3.000 queimadas.

O jornal brasileiro analisou que nenhum outro dia deste mês dos últimos 20 anos registou mais de 3.000 focos de calor.

No ano de 2022, a Inpe implementou novos sensores para queimadas, pelo que nas últimas duas décadas, o passado dia 22 de agosto representou um nível “elevadíssimo” que foi sentido pelos aparelhos.

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Numa análise absoluta contabilizando o mês de setembro, os mesmos dados de satélite comprova que a data mais recente a registar o máximo de queimadas teria sido o dia 30 de setembro de 2007, com 3.936 focos em 24 horas.

Neste sentido, de acordo com o portal de notícias da Globo, desde esse dia de setembro de 2007 que não havia um período de 24 horas com um número maior do que o da segunda-feira passada, dia 22 de agosto. Esta observação determina este dia como o pior de queimadas em duas décadas (considerado os dados de 2002 até ao atual mês de agosto) e continua com a mesma marca ( considerando os dados de 2007 que engloba o mês de setembro), nos últimos quinze anos.

Assim, o Folha de S.Paulo aponta que o início do século XXI foi marcado por enormes desmatamentos na floresta da Amazónia.

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“O triplo das queimadas do que o ‘dia do fogo’

Os recentes 3.358 focos de calor da passada segunda-feira representam o triplo das queimadas do dia que ficou que marcou o povo brasileiro como “o dia do fogo”. A 1o de agosto de 2019, um grupo de agricultores provocaram queimadas ilegais em várias regiões do Pará e foram notificados 1.173 focos de incêndio.

A Globo recorda aquele mês de agosto de 2019 em que foram quebrados os recordes da altura. A cidade São Paulo não esqueceu quando o dia virou noite devido ao fumo das mais de mil queimadas na Amazónia.

Em entrevista à mesma fonte, Alberto Setzer, o coordenador do Inpe explicou o que difere estas duas datas.

“No dia do fogo em 2019 existiu um evento específico principalmente no sul do Pará que contribuiu para que este estado tivesse o maior número de focos naquela região. Os pontos do dia 22 de agosto estão distribuídos por três estados. De qualquer forma, os 3.358 registos equivalem a quase um triplo dos 1.173 registos de 2019”, averigua Setzer.

De acordo com o Inpe, os focos mais preocupantes situam-se na Amazónia com 35% das queimadas, no Pará com 33% e no Mato Grosso com 22%.

A situação atual da Amazónia

Os dados, apesar do pico registado, não representam um aumento “suficientemente significativo” para alarmar os ambientalistas.

“Assim, de 1 de janeiro a 23 de agosto, as referências apontam 42.555 deteções ( de focos de incêndio) na Amazónia com aumento não significativo de 2% em relação ao mesmo período de 2021, e inferior aos 37.733 focos registados em 2020 e 41.331 em 2019”, analisa Setzer na entrevista da Globo.

O coordenador aponta que embora os valores diários de focos representem uma extensão do uso de fogo na vegetação, as comparações devem considerar pelo menos duas semanas ou idealmente um mês.

Outros estudiosos como Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Suely Araújo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima culpabilizam o regime de Bolsonaro pela contínua degradação ambiental.

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“Através dos dados de alertas que os ambientalistas têm recebido: a degradação ambiental na Amazónia voltou a aumentar na atual gestão política de Bolsonaro”, diz Ane Alencar à Globo. Em relação a Suely, o especialista no ambiente confirma que “numa situação deixada por este governo” em termos de descontrolo total, não tínhamos o que esperar além de um desastre“.

Setzer concluiu que ainda é cedo para fazer um balanço da atual época de queimadas, sobretudo porque em meses como setembro, outubro e novembro também são alturas com bastantes registos de picos de incêndio. Ao mesmo portal de notícias adianta: ” Os resultados vão depender da meteorologia, bem como das operações de fiscalização dos terrenos e punição“.