O 185.º dia de guerra na Ucrânia mostrou que a tensão continua alta à volta de um dos principais pontos atuais do conflito: a central nuclear de Zaporíjia. Numa questão de minutos, ao início da tarde, Ucrânia e Rússia trocaram acusações mútuas sobre ataques perto da central, com o operador público ucraniano a acabar por alertar para o risco de “pulverização de substâncias radioativas”.

Segundo uma análise do Reino Unido, a Rússia estará agora a intensificar os ataques também nas zonas de Donetsk e Lugansk para tentar desviar as tropas da Ucrânia, por temer os rumores de uma “grande contra-ofensiva” que estará para chegar.

O que se passou durante a noite?

  • Uma pessoa morreu e outra ficou ferida na sequência de um ataque das forças russas à região de Kharkiv, de acordo com os números partilhados pelo governador Oleh Syniehubov.
  • O vídeo diário de Volodymyr Zelensky, o Presidente da Ucrânia, foi centrado nas comemorações do Dia da Aviação, assinalado este sábado. “É um feriado que comemora pessoas sem as quais o presente não poderia ser imaginado. E pessoas sem as quais não conseguimos imaginar a independência do nosso Estado”, começou Zelensky.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A Polónia e a República Checa chegaram a um acordo para proteger o espaço aéreo da Eslováquia, um dos aliados da NATO. Este acordo chega num momento em que a Eslováquia está a fazer melhorias aos equipamentos das forças aéreas, fazendo a transição dos equipamentos de herança soviética para os novos F-16 de origem norte-americana.
  • A França e a Alemanha deverão defender que os países da União Europeia devem continuar a emitir vistos a cidadãos russos que não tenham ligação ao governo do país. A informação foi avançada pela Bloomberg, que consultou um documento sobre os planos dos dois países para o próximo encontro dos governantes europeus. Neste documento, os dois países defendem a concessão de vistos, especialmente a turistas, artistas, académicos e trabalhadores russos.
  • A presidente da Moldova, Maia Sandu, defendeu a entrada do país na União Europeia e condenou a campanha militar russa na Ucrânia por ocasião do 31º aniversário da independência daquela antiga república soviética. “A Moldova será realmente forte e capaz de defender os seus cidadãos apenas na família dos países europeus”, disse Sandu.

O que aconteceu durante a manhã e início da tarde?

  • Minutos depois de o ministério da Defesa russo ter acusado a Ucrânia de ter atacado por três vezes perto da central nuclear de Zaporíjia nas últimas 24 horas, a Ucrânia fez exatamente a mesma acusação à Rússia sobre alegados ataques à central nuclear, relatou a Sky News. Isto horas depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter dito que a situação rapidamente poderia resvalar para uma “catástrofe”.
  • O operador público ucraniano Energoatom advertiu que existe um risco de “pulverização de substâncias radioativas” na central nuclear ucraniana de Zaporijia, ocupada pelas tropas russas. Segundo a Energoatom, as tropas russas “bombardearam vários reservatórios no último dia”. “A infraestrutura da central foi danificada e existem riscos de fuga de hidrogénio e de pulverização de substâncias radioativas”, anunciou a agência no Telegram, acrescentando haver “um risco elevado de incêndio”.
  • A Ucrânia acredita que a intenção da Rússia passa por desviar energia da central nuclear para a península da Crimeia. De resto, o país recebeu informações neste sentido da parte dos Estados Unidos na quinta-feira, com o porta-voz do governo Vedant Patel a considerar “inaceitáveis” as alegadas tentativas de desviar energias para zonas ocupadas (dada a anexação da Crimeia, por parte da Rússia, em 2014).
  • A Rússia estará a intensificar os seus ataques na zona de Donetsk, no Donbass, dados os rumores de que a Ucrânia estará a preparar uma grande contra-ofensiva. A análise foi partilhada pelo ministério da Defesa britânico, na mais recente das habituais avaliações sobre a evolução da guerra.
  • O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou um comunicado dirigido à força aérea, para assinalar o dia da aviação do país. Numa mensagem de força, Zelensky mostrou confiança em que as tropas ucranianas irão “destruir o poderio dos invasores passo a passo”, e que esses invasores morrerão “como o orvalho sob o sol”.
  • O governo russo vai atribuir apoios financeiros às pessoas que estiverem a deixar a Ucrânia e a entrar na Rússia, no contexto da invasão do país. O novo decreto presidencial, citado pela Sky News, prevê que as pessoas que deixaram a Ucrânia e passaram a viver na Rússia, a partir do dia 18 de fevereiro tenham direito a receber um pagamento de dez mil rublos (166,20 euros) por mês.

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