A CMA, a Autoridade da Concorrência e Mercados do Reino Unido, já emitiu algumas considerações sobre a compra da empresa de videojogos Activision Blizzard pela gigante Microsoft. Esta quinta-feira era o prazo final para esta autoridade apresentar conclusões após a fase 1 da investigação ao negócio.
Anunciada em janeiro, a Microsoft ofereceu 95 dólares por cada ação da Activision Blizzard, totalizando um montante de 68,7 mil milhões de dólares. A ser finalizada, esta compra poderá mesmo ser a maior transação já feita na indústria de videojogos. Dada a dimensão das operações da Activision, responsável por franquias de sucesso como Call of Duty ou World of Warcraft, e o facto a Microsoft liderar não só o sistema operativo da plataforma de jogos em PC e ainda ser dona da consola Xbox levantou preocupações a nível global.
Na sequência da comunicação da compra foram anunciadas várias investigações para escrutinar o negócio, como esta levada a cabo pela CMA. Esta autoridade considerou que tinha jurisdição para avaliar o negócio.
Em comunicado a propósito da fase 1 da investigação, a CMA diz estar “preocupada com o facto de, se a Microsoft comprar a Activison Blizzard, isso possa prejudicar rivais, incluindo recentes e futuros concorrentes na indústria, ao negar o acesso aos jogos da Activision Blizzard ou a disponibilizar um acesso em condições muito piores”.
A CMA indica que recebeu provas sobre o “potencial impacto” desta união de empresas para o ecossistema alargado da Microsoft. “A Microsoft já tem uma das principais consolas (Xbox) e lidera uma plataforma cloud (Azure) e é líder no sistema operativo para PC (Windows), tudo o que pode ser importante para o seu sucesso no gaming na cloud”.
Perante este cenário, a CMA “está preocupada que a Microsoft possa usar os jogos da Activision Blizzard em conjunto com a força que a empresa tem nas consolas, cloud e sistemas operativos de PC para prejudicar a concorrência no mercado dos serviços de jogos na cloud”.
A CMA diz que estes temas já permitem avançar para uma investigação mais profunda de fase dois. Ainda assim, essa fase poderá ser desnecessária caso os argumentos das duas partes sejam considerados satisfatórios. “A Microsoft e a Activision Blizzard têm agora cinco dias úteis para apresentar propostas que respondam às preocupações da CMA.” Caso a Concorrência inglesa não considere as propostas apresentadas adequadas, o negócio será encaminhado para essa investigação mais profunda.
Nessa fase, explica a CMA, um painel independente de peritos vai aprofundar os riscos que foram identificados na primeira fase de investigação.
“Após a fase um de investigação, estamos preocupados que a Microsoft possa usar este controlo em jogos populares como Call of Duty ou World of Warcraft após a fusão para prejudicar os rivais, incluindo recentes e futuros rivais nos serviços de subscrição multi-jogos e nos serviços de gaming na cloud”, indica Sorcha O’Carroll, diretora sénior de fusões da CMA. “Caso as nossas preocupações não sejam respondidas, planeamos explorar o negócio de forma mais profunda na fase dois de investigação para chegar a uma decisão que funcione para os interesses dos jogadores e negócios do Reino Unido”.
A CMA recorda que a Microsoft é uma das três empresas, juntamente com a Sony e a Nintendo, que têm liderado o mercado das consolas nos últimos 20 anos e “limitado a entrada de novos rivais”.