Os estudos sobre mobilidade social demonstram de modo consistente uma correlação entre a condição socioeconómica dos pais e a dos filhos adultos. Em Portugal existem baixos índices de mobilidade social entre os mais pobres e os mais ricos, ou seja, utilizando uma expressão do relatório da Organização para a Segurança e Cooperação Económica (2018) os “pisos e os tectos pegajosos” impedem que as pessoas subam e desçam no elevador social.
Mas em que consiste a mobilidade social?
A mobilidade social é analisada em função da comparação do status das pessoas com os dos pais no que se refere ao salário, ocupação, saúde ou educação e é um conceito que pode ser encarado em sentido ascendente (quando se verifica uma progressão) ou descendente (o inverso).
Um dos aspetos mais importantes da problemática da mobilidade social consiste em assegurar que as oportunidades que alguém vai ter ao longo da vida não dependem da posição económica e social em que nasceu. Será esta ideia um mito? Alguns dirão que sim, mas a igualdade de direitos é um bem essencial nas sociedades e é necessário criar instrumentos que possam minorar as desigualdades.
Níveis elevados de mobilidade social significam que pessoas de todas as origens podem realizar talentos e sonhos de modo a criar uma sociedade mais justa, promover a coesão social e impulsionar o crescimento económico.
Cinco gerações para atingir salário médio
Em Portugal a mobilidade social positiva tem um longo caminho a percorrer. Um relatório do Fórum Económico Mundial, divulgado em 2020, analisou o índice de mobilidade em 82 países com a Dinamarca a liderar o ranking, sendo que os mais pobres chegam à renda média em duas gerações. Nesta análise, Portugal situa-se na 24ª posição, mas um outro estudo da OCDE, publicado dois anos antes, indica que “pode demorar cinco gerações para que as crianças de uma família [portuguesa] na base da distribuição dos rendimentos consigam um salário médio”. A média apurada para os países desta organização é de quatro gerações e meia.
“Apesar das várias reformas para combater o absentismo escolar e reduzir o abandono escolar precoce, as hipóteses dos mais jovens terem uma carreira de sucesso depende fortemente da sua origem socioeconómica ou do nível de capital humano dos pais”, lê-se neste relatório.
Um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos denominado “As faces da pobreza em Portugal” chegou também a conclusões semelhantes: não só muitas vezes as famílias convivem com a pobreza há várias gerações, como grande parte das pessoas com dificuldades cresceu num contexto de privação que condicionou as suas oportunidades de vida, deixando precocemente a escola e ingressando em empregos pouco qualificados.
As oportunidades de uma criança estão estreitamente ligadas ao histórico dos seus pais e às suas possibilidades financeiras. Estudar nas melhores escolas e universidades vai permitir-lhes o acesso a melhores empregos no futuro.
As universidades são vistas como motores da mobilidade social. Um estudo publicado em 2021, pelo Instituto de Estudos Fiscais inglês em parceria com a Sutton Trust, indica que os estudantes elegíveis para refeições escolares gratuitas no 11º ano que frequentaram a universidade são quase quatro vezes mais propensos a estar entre os 20% mais ricos aos 30 anos do que aqueles que não frequentaram, e cerca de dez vezes mais propensos se frequentaram uma das quatro universidades mais seletivas do país. No entanto, os estudantes de famílias pobres são muito menos propensos a ir para a universidade.
Apostar na educação para maior mobilidade social
Uma mobilidade social baixa tem consequências negativas tanto em termos sociais, como económicos e políticos, já que implica que muitos talentos sejam desperdiçados, o que diminui o potencial de crescimento económico, além de reduzir o bem-estar e a coesão social. É ainda expectável que a pandemia tenha agravado as desigualdades, depois das crianças terem ficado numa situação de ensino à distância, onde o contexto familiar terá inevitavelmente reflexos mais diretos no decorrer da aprendizagem e em que uma maior disponibilidade financeira permite investir mais facilmente em tecnologia, por exemplo um computador ou impressora.
A aposta na educação, seja em equipamentos de apoio, na formação dos mais jovens ou na requalificação dos adultos ao longo da vida, continua a ser condição necessária para a redução dos níveis de pobreza e para melhorar a mobilidade social.
Neste contexto, temos vindo a assistir a uma mudança no papel das empresas na sociedade, através de criação de programas com bolsas de estudo que reduzem as diferenças entre classes no acesso ao ensino em particular superior, assim como, programas desenvolvidos com universidades, com vista à integração dos jovens recém-formados no mercado de trabalho. Exemplo disso é o Programa Loading, lançado há cerca de três anos pelo Banco Credibom, um programa de estágios para jovens talentos, que se baseia na ideia de “que o futuro das empresas também depende daqueles que têm um futuro pela frente”.
O acesso ao crédito pode também ser uma solução para investir nos estudos, na carreira ou na melhoria das condições de vida. No Credibom existem várias opções para o ajudar a desenvolver as suas competências, como a possibilidade de pedir um crédito pessoal, rápido e sem burocracias, à altura dos seus sonhos. Nunca é tarde para dar um passo em frente.
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