A empresa de gás alemã VNG anunciou esta sexta-feira que está a preparar-se para pedir “medidas de estabilização” ao Governo alemão para evitar maiores prejuízos e garantir a capacidade de ação do consórcio.

Ao avançar, a empresa irá tornar-se a segunda de energia a dar este passo, depois da Uniper, a principal cliente estrangeira da russa Gazprom e primeira fornecedora de gás da Alemanha, o ter feito em julho.

“Como resultado dos efeitos da guerra russa nos mercados de energia, a VNG encontrou-se, sem culpa própria, numa situação financeira cada vez mais crítica”, disse a empresa, a terceira maior importadora de gás da Alemanha, em comunicado.

Para substituir as importações de gás russo contratadas a preços fixos que foram afetadas pelo corte de fornecimento da Gazprom, a empresa alemã teve de ir aos mercados e pagar valores “massivamente altos”, acrescentou.

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No caso de um contrato direto com a Gazprom, a VNG calcula que a interrupção do fluxo de gás irá provocar perdas de mil milhões de euros este ano, mesmo tendo em conta o alívio que a aplicação do novo suplemento de gás trará aos consumidores a partir de 1 de outubro.

No entanto, tais perdas poderão ser enfrentadas pela empresa e pelos seus acionistas, disse o comunicado.

Pelo contrário, há um outro contrato com uma empresa importadora alemã que também foi forçada a interromper o fornecimento devido às circunstâncias e, nas últimas semanas, as duas negociaram para encontrar uma solução.

No entanto, tal colocaria à VNG um “ónus financeiro inaceitável”, disse a empresa, sediada em Leipzig (leste), que não quantificou o valor dessa perda, embora justificasse a decisão de solicitar o resgate do Estado.

Este passo é “necessário para reduzir os prejuízos já gerados e os que se preveem numa dimensão que a VNG e os seus acionistas possam gerir e assim garantir a capacidade de funcionamento do mercado de gás e a segurança do abastecimento”, disse a empresa.

No entanto, paralelamente, irão continuar as conversas com o Governo e com os acionistas, entre os quais o principal é a empresa de energia EnBW, de modo a procurar oportunidades de estabilização.

Como parte do auxílio à Uniper, o Estado alemão adquiriu 30% das ações da empresa e aumentou a linha de crédito que tem no Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) de dois para nove mil milhões de euros.

No âmbito das medidas acordadas pelo Governo para atenuar a crise energética, a partir de 1 de outubro, os fornecedores de gás poderão transferir 90% dos custos adicionais gerados pelo corte de gás russo para os clientes finais.

Para compensar o aumento do preço resultante para os consumidores finais, o chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou no mês passado uma redução temporária do IVA sobre o gás de 19% para 7%.