O Bloco de Esquerda (BE) lamentou este sábado que o pacote de medidas apresentado pelo Governo para travar a inflação não contemple áreas como os transportes ou a habitação e pediu a fixação de máximos para os bens essenciais.

“Não há nenhuma medida para os transportes, ares em que, por toda a Europa, tem havido intervenção. [O pacote] não tem nenhuma proposta para a habitação. Estamos a assistir a um novo aumento dos juros e as prestações da casa também estão a aumentar”, apontou a coordenadora do BE, em Lisboa, após uma reunião da Mesa Nacional do partido.

Por outro lado, assinalou que os bens alimentares têm vindo a sofrer aumentos, enquanto os lucros da grande distribuição têm crescido.

“É possível e urgente estabelecer tetos para os preços dos bens alimentares essenciais”, vincou, lembrando que esta não é uma medida nova, uma vez que, durante a pandemia de covid-19, o Governo estabeleceu máximos, por exemplo, para as máscaras de proteção.

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Na reunião deste sábado foi aprovada uma resolução, que classifica como um “truque de ilusionismo” o pacote de medidas apresentado pelo Governo para conter a inflação, sublinhando que o cabaz de bens essenciais já aumentou 12% este ano.

Porém, o partido ressalva que o controlo dos preços tem que ser acompanhado pela subida dos salários, que deve ser, no mínimo, ao nível da inflação deste ano.

No que se refere ao salário mínimo nacional, é proposto que seja fixado em 850 euros, a partir de janeiro de 2023.

A isto deve seguir-se a atualização de todos os contratos do Estado com empresas e IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social).

“As pequenas empresas, que concentram boa parte do emprego em Portugal, só têm a ganhar com a reposição do poder de compra da generalidade da população e é no controlo dos preços da energia que reside a intervenção pública de que mais necessitam”, lê-se no documento.

A isto soma-se a tributação dos lucros excessivos na energia, banca e grande distribuição, adiantou o BE.