No meio desta lista, irá encontrar uma minissérie. Contudo, está longe de ser uma minissérie qualquer, é o regresso a “O Reino” de Lars Von Trier, algo que julgávaos ter ficado em 1997. Pode ser uma daquelas coisas requentadas, mas só pode haver curiosidade em voltar a Von Trier e à sua série anti-televisão numa altura em que se veem mais séries do que nunca. A programação do Festival de Veneza, que termina este fim de semana, também foi marcada por alguns filmes da Netflix em competição, um deles estreia-se dentro de semanas: o tão falado “Blonde”, a adaptação do romance de Joyce Carol Oates sobre Marilyn Monroe.

O festival também foi pródigo ao dar espaço a alguns possíveis candidatos ao Óscar. Neste campeonato, talvez o mais mencionado tenha sido o regresso de Brendan Fraser no novo filme de Darren Aronofsky, “The Whale”. Contudo, vamos ter de esperar mais uns meses. A propósito dessa espera, juntámos alguns dos títulos que passaram por Veneza e que figuram entre os filmes mais aguardados dos próximos tempos.

“Blonde”

De Andrew Dominik (na Netflix a 28 de setembro)

A produção da Netflix tem dado que falar e foi recebida em Veneza num misto de entusiasmo e aborrecimento. As boas notícias é que não precisará de muito tempo para julgar por si mesmo. Esta adaptação do romance de Joyce Carol Oates, no qual que a escritora reimagina a vida de Marilyn Monroe, é interpretada por Ana de Armas. Há uma grande mistura entre factos e ficção, e, também, entre Marilyn e Norma Jean. A banda-sonora ficou a cargo de Nick Cave e Warren Ellis.

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“Lobo e Cão”

De Cláudia Varejão (ainda sem data de estreia)

https://www.youtube.com/watch?v=YmzrRdNtaDM

Um dos filmes já premiados em Veneza, “Lobo e Cão” venceu o prémio de Melhor Filme na Giornata degli Autore do Festival. É a primeira longa-metragem assumidamente de ficção da realizadora portuguesa, depois de “Ama-San” (2016) e “Amor Fati” (2020), obras mais documentais, mas que encaixavam pedaços de ficção. “Lobo e Cão” foi rodado na Ilha de São Miguel, nos Açores, com um elenco de atores não profissionais e conta a história de Ana e dos seus amigos, numa ode à comunidade queer da ilha.

“Não te Preocupes, Querida”

De Olivia Wilde (estreia-se a 22 de setembro)

“Não te Preocupes, Querida” tem dado muito que falar nos últimos meses e o mesmo aconteceu durante o Festival de Veneza. E na maior parte das vezes, a conversa é feita sobretudo de fofoca. Tudo começou com a discussão na imprensa entre Shia LeBeouf e a realizadora, sobre quem fez o quê. Wilde disse que despediu LeBeouf, este diz que o método de trabalho da produção do filme não correspondia bem aos seus padrões. Durante o festival, Florence Pugh recusou-se a participar em eventos do filme com a restante equipa (uns dizem que está desagradada com a diferença salarial com Harry Styles, outros defendem que a atriz ficou cansada das escapatórias misteriosas do também cantor com a realizadora – são namorados – durante as filmagens). Seja como for, esta distopia com um look muito “subúrbio norte-americano” nos 1950s tem bom aspeto, apesar de alguns críticos terem afirmado que ficou muito aquém do potencial.

“Riget Exodus”

De Lars Von Trier (sem data de estreia)

Quando ainda meio mundo não estava fascinado com as séries e os romances policiais nórdicos, existia Lars Von Trier e a sua série “O Reino”. Talvez seja hoje uma memória muito distante, mas quando passou na televisão portuguesa era um objeto estranho, uma belíssima aberração entre o drama sem misericórdia e o terror. Isto tudo num hospital. Foi com alguma surpresa que chegaram notícias de que Lars Von Trier iria voltar a este universo. Parece que esta minissérie é mais do mesmo, uma espécie de fecho para algo que não precisava de ser fechado. Mas se é mais do mesmo, há motivo para estar entusiasmado. O último episódio foi para o ar há 25 anos e deixou saudades.

“Tár”

De Todd Field (2023)

Nas notas de intenção do realizador, Todd Field expressa que escreveu este filme a pensar em Cate Blanchett e que, sem ela, o filme nunca teria existido. O amor foi correspondido e, ao que parece, a atriz entregou uma prestação dos diabos: é apontada como uma das favoritas para levar o galardão de Melhor Atriz. Blanchett interpreta uma maestro de uma grande orquestra alemã, a ficcional Lydia Tár, que, na história, é a primeira mulher a assumir um cargo desta magnitude.

“The Eternal Daughter”

De Joanna Hogg (sem data de estreia)

https://www.youtube.com/watch?v=FkaeDbijnCw

Outra atriz em destaque foi Tilda Swinton, com o seu duplo papel nesta história de fantasmas de Joanna Hogg, realizadora britânica pouco conhecida por cá, mas responsável por dois ótimos filmes: as duas partes de “The Souvenir”. Em “The Eternal Daughter”, Swinton desempenha o papel de uma realizadora e da sua mãe, enquanto visitam uma casa antiga, entretanto transformada num hotel. Ao que tudo indica, esta pode ser a obra que dará uma volta na carreira de Joanna Hogg. Cá a esperamos.

“The Whale”

De Darren Aronofsky (estreia-se em 2023)

https://www.youtube.com/watch?v=hKU4Q0rwP-k

Antes de ser mostrado, já se falava nele. A interpretação de Brendan Fraser, ator “apagado” por Hollywood, depois de um vislumbre de sucesso na indústria na primeira década deste século com filmes como “A Múmia” ou “Viagem ao Centro da Terra”, é a grande culpada. Este pode ser um dos grandes regressos cinematográficos da temporada – já se fala de Fraser para um Óscar. “The Whale” conta a história de um professor morbidamente obeso que se esconde por detrás de uma câmara para dar aulas e não ser visto. Lidar com adolescentes não é fácil e, além dos alunos, o professor tem uma filha adolescente com quem procura a reconciliação.

“White Noise”

De Noah Baumbach (estreia-se a 30 de dezembro na Netflix)

A adaptação do romance de Don DeLillo teve honras de abertura do Festival e foi bem recebido. As memórias de Noah Baumbach da leitura do romance quando jovem foram confrontadas com uma releitura mais recente: a família disfuncional norte-americana e os seus medos, retratada pelo escritor na década de 1980, são muito semelhantes ao espírito que se vive no presente. Este é o mote para uma comédia de catástrofe protagonizada por Adam Driver e Greta Gerwig.