O Equador tem a presença no Mundial 2022 em risco. Na próxima quinta-feira, a Comissão de Recursos da FIFA vai decidir sobre o caso de Byron Castillo, lateral direito dos mexicanos do Club León que está no centro de uma polémica relacionada com falsas certidões de nascimento, identidades falsas e um alegado encobrimento por parte da Federação equatoriana.

Mas é preciso começar pelo início. Oficialmente, Byron Castillo nasceu em novembro de 1998 em General Villamil, uma cidade costeira do Equador. Desde abril, porém, a FIFA está a investigar a possibilidade de Byron Castillo ter nascido em julho de 1995 em Tumaco, uma localidade fronteiriça na Colômbia. Na origem da investigação está uma queixa da Federação chilena — o jogador participou nas duas partidas da qualificação para o Mundial 2022 entre as duas equipas e o Chile exige que o Equador seja penalizado, sonhando ainda com a ida ao Qatar.

A FIFA deu a primeira resposta à queixa do Chile em junho, quando arquivou o processo e defendeu que Castillo nasceu mesmo no Equador, mas a Federação chilena recorreu — e é precisamente o resultado desse recurso que será conhecido na quinta-feira, dia em que o caso chileno poderá ter provas adicionais. Isto porque, de acordo com documentos e áudios a que o Daily Mail teve acesso, a Federação equatoriana também conduziu uma investigação ao caso e concluiu que Byron Castillo nasceu mesmo na Colômbia, optando por encobrir todo o episódio.

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Segundo o jornal inglês, as primeiras dúvidas quanto à verdadeira identidade do jogador surgiram em 2015 quando uma transferência do Emelec para o Norteamerica colapsou devido a “irregularidades” na documentação. Em 2018, a Federação do Equador suspendeu o Norteamerica por crimes de falsificação de documentos de atletas e abriu uma investigação independente. Byron Castillo foi interrogado no âmbito dessa investigação e, de acordo com o áudio a que o Daily Mail teve acesso, terá confessado que nasceu na Colômbia e que adquiriu uma nova identidade no Equador.

Há quatro anos, o lateral que é treinado pelo português Renato Paiva no Club León terá então assumido cinco mentiras: nasceu em 1995 na Colômbia e não em 1998 no Equador; chama-se Bayron Javier Castillo Segura e não Byron David Castillo Segura, como está no documento equatoriano; deixou Tumaco para rumar ao Equador e ir atrás do sonho do futebol; e foi ajudado por Marco Zambrano, o dono do Norteamerica, que providenciou todos os documentos falsos e arranjou uma nova identidade para o jovem jogador.

Byron Castillo nunca falou publicamente sobre esta questão e foi chamado pela FIFA a testemunhar na sessão de quinta-feira, não sendo ainda certo se vai ou não participar. O objetivo do Chile é que a FIFA prolongue o precedente recente e castigue o Equador com derrotas por 3-0 nas duas partidas que disputou contra os chilenos na qualificação para o Mundial — algo que faria com que o Chile subisse ao 4.º lugar do grupo do CONMEBOL e, tendo vantagem em relação ao Peru na diferença de golos, garantisse o apuramento para o Qatar.

Em 2016, na qualificação para o Mundial do Brasil, foi precisamente isso que aconteceu com o caso de Nelson Cabrera, defesa que representou ilegalmente a Bolívia depois de já ter sido internacional pelo Paraguai — tanto o Chile como o Peru foram recompensados com vitórias por 3-0 contra a Bolívia. Agora, porém, o organismo que regula o futebol a nível mundial pode optar por excluir simplesmente o Equador da qualificação, algo que faria com que fosse o Peru, que terminou o grupo no 5.º lugar, a garantir o apuramento para o Mundial. Atualmente, o Equador integra o Grupo A em conjunto com o Qatar, o Senegal e os Países Baixos, sendo mesmo o adversário dos anfitriões no jogo de inauguração da competição, a 20 de novembro.