Forças políticas concorrentes nas eleições angolanas de 24 de agosto “demarcaram-se” neste dia de atos que tendem a alterar a ordem e segurança pública “como manifestações, vandalismos e cenas de arruaça“, anunciou o Comando Provincial de Luanda da Polícia.
Os referidos partidos agradeceram também a atuação republicana e exemplar como a corporação assegurou todas das etapas do processo eleitoral, onde o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) foi declarado vencedor.
Segundo o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia angolana, Nestor Goubel, o posicionamento dos referidos partidos foi manifestado durante um encontro entre os representes de sete dos oito partidos que concorreram nas eleições e a polícia.
Com exceção do Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango), referiu o responsável, todos os restantes concorrentes participaram do encontro foi dirigido pelo segundo-comandante provincial da polícia, comissário Mateus André.
A oposição angolana manifestou, na quinta-feira passada, “inquietação” face à marcação de datas para investidura do Presidente da República, sem validação dos resultados eleitorais, e anunciou a criação de um grupo de trabalho para convocar manifestações que expressem “a repulsa” dos eleitores.
A pretensão consta de um comunicado subscrito por cinco partidos da oposição angolana (União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA; Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral, CASA-CE; Partido de Renovação Social, PRS; Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA; e Bloco Democrático),
Os subscritores afirmam também estar atentos “ao clamor e ao sentimento da população“, pelo que decidiram criar um grupo de trabalho “para estudar o quadro e as condições para a organização e convocação de manifestações como expressão do sentimento de repulsa dos cidadãos eleitores”.
Essas manifestações, destacam terão “um caráter estritamente pacifico e ordeiro”, realizando-se em coordenação com os órgãos de ordem pública e “enquadram-se no espírito da ordem constitucional, da lei e do interesse publico”.
Efetivos das forças de defesa e segurança marcam presença considerável nas principais ruas e avenidas de Luanda, exibindo a artilharia e vários meios militares, em cumprimento do “estado de prontidão combativa”.
A UNITA, em comunicado hoje divulgado, apelou ao “bom senso das forças de defesa e segurança desdobradas em todo o país e equipadas com material bélico pesado a se absterem do uso da força contra os cidadãos”.
O partido, que contesta os resultados eleitorais, refere igualmente que a presença de efetivos de defesa e segurança nas ruas “visa intimidar o cidadão que pretende se manifestar contra os resultados eleitorais, no dia de posse de um Presidente sem legitimidade”.
O Tribunal Constitucional proclamou o MPLA e o seu candidato, João Lourenço, como vencedores com 51,17% dos votos, seguido da UNITA com 43,95%, tendo chumbado o recurso de contencioso eleitoral da UNITA.
Com estes resultados, o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.
Em face dos resultados eleitorais, o MPLA deve indicar igualmente dois vice-presidentes e dois secretários de mesa da Assembleia Nacional e na mesma proporção o partido UNITA.
O Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) e o estreante Partido Humanista de Angola (PHA) elegerem dois deputados cada.
A CASA-CE, a Aliança Patriótica Nacional (APN) e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.
João Lourenço, reeleito Presidente de Angola para os próximos cinco anos, toma posse na quinta-feira, 15 de setembro, e os deputados eleitos serão investidos na sexta-feira.