O chefe de Estado considerou nesta quinta-feira que o antigo ministro Adriano Moreira representa “a ponte” entre passado e futuro, expoente do “universalismo português”, e o presidente da Assembleia da República destacou o seu “casamento com a democracia“.
Estas posições foram transmitidas por Marcelo Rebelo de Sousa (através de mensagem vídeo) e por Augusto Santos Silva no encerramento da homenagem promovida pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa, por ocasião do centenário do professor catedrático e antigo presidente do CDS Adriano Moreira.
Também nesta cerimónia, que Adriano Moreira acompanhou a partir da sua casa e que contou com as presenças dos antigos chefes de Estado Ramalho Eanes e Cavaco Silva, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou que vai atribuir a Adriano Moreira a medalha de mérito municipal.
Na sua mensagem vídeo, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que se encontra neste momento em Luanda por ocasião da cerimónia de posse do Presidente de Angola, João Lourenço, e lembrou que condecorou antigo líder do CDS e ministro do regime “pré-democrático” primeiro com a Grande Ordem do Infante Dom Henrique e mais recentemente com a Ordem de Camões.
“Adriano Moreira já entrou na História de Portugal. Projetou a língua, a cultura e os valores universais portugueses por todo o mundo. Deu uma contribuição importante ao longo de décadas para a instituição militar”, assinalou o Presidente da República, tendo a ouvi-lo o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, assim como o cardeal patriarca, Dom Manuel Clemente.
Com antigos líderes do CDS-PP Paulo Portas e Assunção Cristas nas primeiras filas da plateia, Marcelo Rebelo de Sousa acentuou depois que esta homenagem pelos cem anos de vida de Adriano Moreira se realiza “na sua escola de sempre”, o ISCSP.
“Fez desta escola uma ponte entre o passado e o futuro. Entrou na História de Portugal ao unir o nosso passado com o futuro. Foi grande em dois regimes políticos diferentes. Representou sempre o universalismo português“, sustentou o chefe de Estado, numa cerimónia em que também marcou presença pelo Governo o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira.
Antes, o presidente da Assembleia da República advogou a tese de que Adriano Moreira e a democracia portuguesa simbolizam “um casamento feliz“.
“Foi na democracia portuguesa que Adriano Moreira viu reconhecida todas as suas qualidades como pedagogo e como político na defesa das suas ideias pela doutrina social da Igreja. Foi na democracia que a academia o reconheceu plenamente”, considerou Augusto Santos Silva.
O ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros defendeu depois que “a democracia portuguesa deve também muito” ao antigo ministro do Estado Novo, já que pela sua ação acentuou os princípios do “pluralismo e da diversidade na procura dos interesses mais relevantes nacionais, europeus e universais”.
“Obrigado pela sua lição de liberdade e diversidade nesta nossa pátria em comum“, declarou Augusto Santos Silva, dirigindo-se a Adriano Moreira, após elogiar o seu papel como antigo governante, presidente do CDS, vice-presidente da Assembleia da República e professor catedrático ao longo das últimas décadas.