Uma, duas, cinco vitórias. O Arsenal teve um início a todo o gás na Premier League antes da deslocação a Old Trafford para defrontar o Manchester United. A exibição foi boa, as hipóteses para chegar a um outro resultado foram-se multiplicando, os red devils acabaram por segurar um precioso triunfo após um mau início de temporada. Seria esse também um ponto de viragem na época dos gunners? Não foi, longe disso. E, a seguir a uma estreia a ganhar na Liga Europa em Zurique, o conjunto de Mikel Arteta bateu fora o Brentford (o tal que dera 4-0 ao United) com três golos nos 50 minutos iniciais. Tão ou mais importante do que isso, o técnico espanhol ganhou mais um reforço depois de ter ganho uma equipa: Fábio Vieira.

O jogador português gerou tanto entusiasmo quando foi anunciado como reforço do Arsenal a troco de 35 milhões de euros mais cinco por objetivos no final de junho como apreensão uns dias depois, quando no regresso ao período de férias apareceu com uma bota ortopédica numa imagem com um adepto do clube londrino. O esquerdino formado no FC Porto acalmou as hostes garantindo que estava tudo bem mas o seu arranque de temporada acabou por ser adiado, tendo feito os primeiros minutos oficiais pela equipa de reservas no mês passado. “A versatilidade do Fábio [Vieira] chamou-nos a atenção e acreditamos que nos vai dar muitas opções. A relação com o Emile [Smith-Rowe] daquele lado do campo poderá ser poderosa”, garantiu Mikel Arteta, quase que refreando a ansiedade pela estreia.

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Os primeiros minutos no conjunto principal surgiram no segundo tempo da derrota com o Manchester United em Old Trafford, o suficiente para darem garantias ao técnico espanhol de que poderia ser titular em Zurique para a Liga Europa. O Arsenal ganhou, o português não marcou nem assistiu, os elogios foram chegando logo aí. “Foi a primeira titularidade, e iria sempre ser complicado. Ouçam, o adversário não foi ótimo. E sabem o que fazem quanto a isso? Compensam com dureza. Acho que Vieira… Vimos lampejos de qualidade. Eles foram mais agressivos no meio-campo e é isso que ele tem de aprender. As pessoas sabem que, dando-lhe tempo e espaço, é um bom jogador e vai atacar-te. Por isso, qual é a primeira coisa que vão fazer? Travá-lo e garantir que não levanta a cabeça. Ele tem muito a aprender. Tem de ganhar músculo, certamente”, analisou o antigo avançado Kevin Campbell no podcast The Highbury Squad.

A adaptação do internacional Sub-21 ao Arsenal dava novos passos, como se percebia também nas redes sociais pelas interações com os companheiros de equipa. “Começámos o nosso caminho na Liga Europa da melhor forma. Boa vitória. Vamos gunners!”, escreveu no Instagram. “Tu és o homem, irmão!”, respondeu depois Gabriel Martinelli, internacional brasileiro e uma das grandes figuras da atual equipa.

Agora, se dúvidas ainda existissem, Fábio Vieira teve o dia da primeira consagração. Titular pela primeira vez na Premier League numa posição que costuma ser ocupada por Odegaard, o médio fez o terceiro e último golo do Arsenal na vitória frente ao Brentford no recomeço da segunda parte (49′) já depois de Saliba (17′) e Gabriel Jesus (28′) terem colocado os gunners na frente do marcador (e da Premier). E não foi um golo qualquer, como se percebeu pela reação de companheiros e adeptos e também pela própria história: dos 19 jogadores que marcaram no primeiro encontro na Premier League pela equipa, o português que ganhou o prémio de MVP no último Europeu Sub-21 foi o primeiro a fazê-lo de fora da área, num lance para mais tarde recordar e que ao mesmo tempo pode gerar saudades no Dragão após a saída.