A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou esta segunda-feira que a proposta de redução do IRC só dá “muito jeito” às grandes empresas e não tem impacto nas pequenas “que estão a desesperar”.

Eu acabo de falar aqui com produtores [e] nenhum deles me falou do IRC. É que, a quem dá muito jeito a descida do IRC [é] só às muito grandes empresas, as mesmas que estão a ter lucros excessivos. Isto, às vezes, parece um ‘sketch’ cómico”, afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do BE falava aos jornalistas no final de uma visita ao mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.

“Então, temos a Comissão Europeia a dizer que é preciso taxar os lucros excessivos, porque há setores como a energia, como a banca, como a grande distribuição, que estão a fazer milhares de milhões de euros, enquanto a população sofre com a inflação, e a proposta que o Governo tem é uma proposta fiscal que não tem nenhum impacto nas pequenas empresas que estão a desesperar, também, com a inflação e o que serve é para perdoar impostos, precisamente a estes grandes grupos que já estão a lucrar a mais. É o absurdo”, argumentou.

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Na opinião de Catarina Martins, “a maioria absoluta fez uma escolha” e “esta é a sua escolha”. “Enquanto quem vive da sua pensão, do seu salário, está cada vez pior, tudo aquilo que imaginam, é como dar mais borlas fiscais aos grandes lucros económicos que já estão a lucrar abusivamente com a inflação que estamos a viver”, concluiu a coordenadora do BE.

Durante a visita ao mercado do Fundão, Catarina Martins ouviu alguns produtores locais que se queixaram de problemas acrescidos com a inflação, a seca e os incêndios florestais do verão.

O casal de agricultores Cândida e João Proença deram conta das preocupações do momento e referiram, como exemplo, que vendem o leite de vaca a 40 cêntimos o litro e as rações subiram de preço e estão “uma loucura”. “Isto está bom para quem não trabalha”, admitiu Cândida Proença.

Já Miguel Fiadeiro, técnico da cooperativa de olivicultores do Fundão disse que os custos nas produções agrícolas aumentam cada vez mais e não se refletem na valorização dos produtos pelo mercado.

Catarina Martins considera que Portugal “precisa de soberania alimentar”

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou que Portugal “precisa de soberania alimentar”, alertando que “é perigoso” ser muito dependente do exterior.

“A produção agrícola é fundamental no nosso país. É, aliás, também uma condição de segurança. O nosso país precisa de soberania alimentar, não ser tão dependente do exterior. Como estamos a ver isso é perigoso”, afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do BE falava aos jornalista no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.

Segundo Catarina Martins, os agricultores nacionais estão a atravessar “uma situação cada vez mais difícil” devido aos incêndios, à seca e também ao elevado preço dos produtos nos mercados internacionais, como fertilizantes e energia.