As viagens para fora da Rússia, e só com bilhete de ida, começaram a esgotar depois de Vladimir Putin ter anunciado num discurso à nação transmitido esta manhã (mas gravada ainda na terça-feira) uma mobilização de tropas de reserva para a fronteira com a Ucrânia.
De acordo com a Reuters, as pesquisas no Google por voos para fora da Rússia através da Aviasales, o site mais popular na Rússia para reservar viagens, aumentaram a pique depois do discurso de Vladimir Putin. E algumas viagens já estão indisponíveis.
Por exemplo, os voos diretos de Moscovo para Istambul (Turquia) e Erevan (Arménia) — destinos preferenciais porque não exigem visto aos russos — disponíveis através da Aviasales já esgotaram. As viagens para Tbilisi (Geórgia) também estavam esgotadas.
O preço de outras viagens também está a crescer em resposta ao aumento da procura. Um voo para o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, custa agora cinco vezes mais do que a média mensal. O valor chegou aos 300 mil rublos, o equivalente a mais de 5.000 euros.
Em declarações à Rádio Observador no rescaldo do discurso de Vladimir Putin, o major-general Arnault Moreira antevia que a juventude russa que já está no mercado de trabalho (segundo o Presidente russo, quem estuda não será convocado) poderá abandonar o país em massa para evitar a participação na guerra contra a Ucrânia.
Os jovens que vão ser chamados sabem que este processo começou e não sabem quando irá terminar. Ninguém sabe se, depois destes 300 mil, serão necessários mais 300 mil. Criou-se uma desconfiança em relação ao regime e os jovens cérebros de que a Rússia tanto precisa vão procurar encontrar alternativas no estrangeiro“, considerou o militar.
“Há quem diga que começou a corrida pelos bilhetes de avião na Rússia”
Ainda não é claro se o Kremlin tenciona fechar as fronteiras para evitar um êxodo dos cidadãos que podem ser convocados para preencher as 300 mil posições que Putin vai mobilizar. O porta-voz do regime russo, Dmitry Peskov, terá rejeitado comentar já se o Kremlin admite algum encerramento de fronteiras para evitar a fuga dos militares na reserva do país. Segundo a Sky News, limitou-se a garantir que o Kremlin vai anunciar “muito brevemente” que cidadãos vão ser abrangidos por exceções à convocação de militares reservistas para combater na Ucrânia.