O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o povo e as organizações civis ucranianas estão nomeadas para a edição de 2022 do Prémio Sakharov, do Parlamento Europeu, pela contribuição extraordinária para proteger a liberdade de consciência, foi esta segunda-feira anunciado.
Trata-se da mais alta homenagem prestada pela União Europeia ao trabalho em matéria de direitos humanos.
Também indicados ao galardão, cujo vencedor será anunciado na terceira semana de outubro, estão, segundo o Parlamento Europeu, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, a jornalista morta durante uma operação israelita na Cisjordânia ocupada, Shireen Abu Akleh, a Comissão da Verdade colombiana e a líder indígena e ativista brasileira Sonia Guajajara.
Com quatro dos sete grupos políticos a mostrarem a apoio à Ucrânia, o prémio provavelmente deverá ser atribuído a Zelensky ou ao povo ou as organizações civis ucranianas.
Embora esses quatro grupos concordem que a cidadania ucraniana seja reconhecida pelo prémio, há uma divisão sobre quem deve ser a cara que os representa.
O grupo do Partido Popular Europeu e os Conservadores e Reformistas manifestam-se a favor de que o prémio seja dado ao chefe de Estado da Ucrânia, num reconhecimento à sua coragem em se manter no país e por ser “uma inspiração para todos os ucranianos que resistem e também para todos os europeus”.
Em contraste, os sociais-democratas e os liberais do Renovar a Europa estão comprometidos com o povo ucraniano, sendo representado por “iniciativas da sociedade civil” e “instituições estatais e públicas que fornecem ajuda de emergência” e defendem e protegem os direitos humanos, as liberdades e a democracia.
Os Verdes, por sua vez, apresentaram a candidatura da líder brasileira Sonia Guajajara, cujo trabalho se concentra na proteção do direito dos povos indígenas, tornando-se alvo de perseguições – e criminalizada – por parte de agentes do Estado.
A esquerda europeia ainda indicou a Comissão Colombiana da Verdade, uma das três instituições que compõem o Sistema Integral de Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição da Colômbia, criado no acordo de paz de 2016 para defender os direitos de milhões de vítimas da guerra civil colombiana.
Também foi nomeado a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, assassinada em maio, enquanto cobria uma operação militar israelita num campo de refugiados em Jenin, após 25 anos a trabalhar para rede de televisão Al Jazeera, tendo se tornado numa figura de destaque no mundo jornalismo e defensora da liberdade expressão.
Outro grupo de eurodeputado optou por apresentar a candidatura de um dos fundadores do WikiLeaks, Julian Assange, acusado pelos Estados Unidos de 20 crimes por informações e documentos expostos ‘online’.
Desde 1988, o Parlamento Europeu atribui o Prémio Sakharov, um galardão em homenagem ao físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov e com um valor de 50.000 euros.