O Bloco de Esquerda (BE) exigiu esta terça-feira que a Corticeira Amorim faça os investimentos necessários na sua fábrica de Silves para cumprir com a legislação nacional e europeia ao nível da qualidade do ar e ruído.
Em comunicado, o partido argumenta que “as grandes nuvens de fumo e os elevados níveis de ruído contínuo emitidos pela fábrica continuam”, evocando os testes que confirmam que os fumos contêm “uma quantidade significativa de Suberin e níveis elevados de Partículas Finas (PM10)”.
A posição pública do BE foi manifestada após uma delegação do partido, formada pelo eurodeputado José Gusmão e pelos dirigentes distritais João Vasconcelos e Sandra da Costa, se ter reunido com o movimento cívico “Vizinhos da fábrica”, formado pelos moradores locais.
A emissão de fumos e o ruído da Corticeira Amorim Cork Insulation (ACI), dedicada à produção de aglomerados de isolamento de cortiça e instalada em Silves (Faro), tem motivado, há vários anos, queixas dos moradores pelos fumos e ruídos emitidos.
O BE recordou que em 2020, o seu grupo parlamentar questionou o então ministro do Ambiente sobre a qualidade do ar “com nefastas consequências” para a saúde e qualidade de vida dos moradores, “tendo as respostas minimizado o problema, referindo-se ao fumo como vapor puro e garantindo que não havia motivo para preocupação”.
Segundo o partido, no exterior da fábrica “podem observar-se diversos tipos de pó existentes no espaço envolvente dispostos em montes que, quando arrastados pelo vento, se espalham pelas redondezas, afetando quem vive, circula e trabalha na zona”.
O BE referiu, ainda, que os “Vizinhos da fábrica” têm desenvolvido iniciativas, na tentativa de resolver a situação conjuntamente com a Câmara de Silves e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.
No entanto, “a solução para as questões apresentadas e sobejamente conhecidas pelos envolvidos parece estar longe de ser conhecida”, aponta.
“As soluções estão disponíveis, mas não há urgência em implementá-las. O principal problema é a atitude e mentalidade da Corticeira Amorim, que prejudica a saúde e a subsistência da população vizinha”, lê-se no comunicado.
Para o eurodeputado José Gusmão, citado na nota, “não há justificação para que os investimentos já identificados e indispensáveis ao cumprimento da lei não tenham sido realizados”.