A Rússia incluiu na sua lista de fugitivos a jornalista russa Marina Ovsyannikova, conhecida pelo episódio no qual interrompeu o principal programa de notícias do canal 1 russo, segurando um cartaz em protesto contra a guerra. A decisão foi tomada depois da repórter, de 44 anos, ter fugido da casa onde se encontrava em prisão domiciliária.
Jornalista interrompe noticiário russo com cartaz contra a guerra: “Não acreditem na propaganda”
No sábado, o ex-marido da jornalista disse em entrevista à televisão estatal russa que Ovsyannikova, em prisão domiciliária desde agosto, tinha desaparecido com a filha de 11 anos. “Na noite passada, a minha ex-mulher deixou a casa que o tribunal tinha designado e desapareceu com a minha filha de 11 anos para um destino desconhecido”, revelou Igor Ovsyannikov, que trabalha na RT. Esta segunda-feira, o Ministério do Interior russo acrescentava a repórter à lista de fugitivos, refere o The Guardian.
Até março deste ano, Marina Ovsyannikova era jornalista e produtora do Canal 1. Tudo mudou no dia 14 desse mês, quando interrompeu um programa de notícias em direto para denunciar a invasão russa: “Parem com a guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos”, podia ler-se, em russo, no cartaz que trazia.
Na altura, Ovsyannikova foi multada em 30.000 rublos, cerca de 526 euros, mas o caso não ficou por aí. Acabou por se despedir do Canal 1, mas não deixou de protestar contra a guerra, passando a recorrer às redes sociais. Em julho voltou a ser multada, desta vez em 50.000 rublos, cerca de 808 euros, por “desacreditar as Forças Armadas”.
Em agosto, voltou a ser acusada de “desacreditar” o exército russo pela sua participação num protesto a solo, em meados de julho, quando, perto do edifício do Kremlin, quando segurou um cartaz que dizia: “Putin é um assassino, os seus soldados são fascistas”. Ao abrigo de um novo artigo do código penal adotado após o início do conflito para dissuadir as críticas, a jornalista foi condenada a prisão domiciliária, com a possibilidade de enfrentar até 10 anos de prisão, caso fosse condenada.
Prisão domiciliária para a jornalista russa que se opõe à ofensiva militar na Ucrânia