Os acordos de extradição que Portugal mantém com a China e Hong Kong “são uma piada” e fazem Peter Dahlin, diretor da Safeguard Defenders — que foi citada por João Cotrim Figueiredo para denunciar a existência de alegadas esquadras chinesas em Portugal —, ter “quase vergonha de ser europeu”. Foi depois de um discurso do fundador da ONG, nas jornadas parlamentares da IL, que o presidente do partido defendeu que haja uma revisão dos acordos nacionais com a China.

Ainda no tempo em que Cotrim Figueiredo era deputado único, a IL insistiu por duas vezes na suspensão dos acordos de extradição com a China e com Hong Kong, uma vez antes e outra vez depois da recomendação da União Europeia. Agora, depois das denúncias da ONG, o líder liberal considera que a “consequência mais evidente” é haver uma terceira tentativa.

“Os muitos acordos que Portugal celebrou com a República Popular da China devem ser revistos com atenção para perceber se não estamos, com total falta de reciprocidade e total falta de equilíbrio diplomático, a dar poderes ao Estado chinês, um Estado ditatorial e persecutório dos seus próprios cidadãos, que também passa a ser persecutório a cidadãos de países terceiros”, afirmou Cotrim Figueiredo à margem do jantar de membros da IL.

Aos olhos do líder liberal, esta decisão tem de ser superior aos interesses de ‘real politik‘” que diz terem travado as anteriores propostas da IL. “Os supostos interesses de Portugal na região que não justificam que direitos humanos sejam postos para segundo, terceiro ou último plano.”

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Peter Dahlin, fundador da Safeguard Defenders, é sueco e viveu vários anos na China, onde acabou por ser detido e acusado de prejudicar a segurança do país. A detenção aconteceu no âmbito de uma campanha alegadamente levada a cabo pelo governo chinês que levou à detenção de mais de 280 advogados e assistentes jurídicos. O ativista ainda chegou a aparecer na televisão chinesa a admitir os crimes, mas acabou por ser libertado e deportado.

A viver em Lisboa, Peter Dahlin marcou presença no jantar das jornadas da IL, em Coimbra, e explicou parte do trabalho da organização, acusando a China de levar a cabo raptos de chineses no estrangeiro, mas também de fazer “desaparecer” pessoas.

Detenções ilícitas, assédio e risco de rapto. O que diz o relatório sobre as brigadas chinesas ilegais em Portugal citado pela IL?