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Ele tinha avisado: os 22 minutos de terror não apagaram nada em Adán (a crónica do Santa Clara-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Rúben Amorim tinha avisado, Adán cumpriu: depois da má exibição em Marselha, o guarda-redes foi crucial para a vitória do Sporting nos Açores frente ao Santa Clara com duas defesas decisivas (1-2).

Morita abriu o marcador nos Açores ainda durante a primeira parte
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Morita abriu o marcador nos Açores ainda durante a primeira parte

EPA

Morita abriu o marcador nos Açores ainda durante a primeira parte

EPA

Mais do que uma derrota, a primeira na Liga dos Campeões, o desaire do Sporting contra o Marselha a meio da semana foi um trauma. Entre o golo marcado no primeiro minuto que de nada valeu, o erro de Adán no empate dos franceses e a expulsão do guarda-redes por uma atitude incompreensível, os leões tiveram uma noite para esquecer e mais uma partida em que tudo o que poderia ter corrido mal correu pior ainda.

Era neste contexto que a equipa de Rúben Amorim defrontava este sábado o Santa Clara nos Açores, escassos dias depois da visita ao Marselha e escassos dias antes da receção ao mesmo Marselha. Num dia em que Benfica e FC Porto também entravam em campo, o Sporting precisava de vencer num terreno onde perdeu na época passada para não perder ainda mais o comboio dos principais rivais — e não alargar uma distância que, em relação à liderança dos encarnados, chega já aos nove pontos.

Ficha de jogo

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Santa Clara-Sporting, 1-2

9.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Santa Clara: Gabriel Batista, Sagna (Stevanovic, 76′), Paulo Eduardo, Pedro Bicalho, Matheus Araújo (Allano, 64′), Victor Bobsin (Andrézinho, 64′), Anderson Carvalho, Adriano Firmino, Gabriel Silva, Ricardinho, João Lima (Tagawa, 45′)

Suplentes não utilizados: Ricardo Fernandes, Rodrigo Valente, Bruno Almeida, Stevanovic, Rildo Filho, Matheus Babi

Treinador: Mário Silva

Sporting: Adán, Jeremiah St. Juste (Gonçalo Inácio, 51′), Coates, Matheus Reis, Ricardo Esgaio, Morita (Alexandropoulos, 73′), Manuel Ugarte, Nuno Santos, Marcus Edwards (Rochinha, 73′), Paulinho (Trincão, 66′), Pedro Gonçalves

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Alexandropoulos, Rochinha, Trincão, Fatawu, Arthur Gomes, José Marsà, Flávio Nazinho

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Morita (29′), Nuno Santos (90′), Tagawa (90+5′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Victor Bobsin (18′), a Nuno Santos (29′), a Ricardinho (67′), a Paulo Eduardo (72′), a Adán (79′), a Allano (90+7′), a Matheus Reis (90+7′)

“Sinto-me sempre animado. Com fé que tudo pode mudar sou sempre eu. Os adversários perderem pontos dão-nos mais vontade. Queremos a sensação de ganhar sistematicamente. Este ano temos quase mais derrotas do que o ano passado. Não temos fantasmas quanto ao jogo do ano passado. Preparámos o jogo com muita vontade, eles não estão num bom momento, nós estamos num momento não tão bom como já tivemos. A melhor preparação para o jogo seguinte é ganhar este. Este jogo é mais importante do que o jogo com o Marselha”, disse Rúben Amorim na antevisão, garantindo desde logo que Adán iria manter a titularidade porque “22 minutos não apagam 92 jogos e quatro títulos”.

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Ainda assim, o treinador leonino fazia algumas alterações ao onze inicial. Coates voltava à titularidade depois de dois jogos de ausência por lesão e deixava Gonçalo Inácio no banco, enquanto que Paulinho surgia no trio ofensivo em detrimento de Trincão. St. Juste mantinha-se no trio defensivo em conjunto com Matheus Reis, Ricardo Esgaio era o dono da ala direita face à lesão de Pedro Porro e Marcus Edwards e Pote continuavam a ser aposta no setor mais adiantado. Do outro lado, numa equipa que ainda só tinha vencido uma vez no Campeonato, Mário Silva tinha nove ausências entre lesões e castigos e tinha até de estrear o guarda-redes Gabriel Batista devido aos problemas físicos do habitualmente titular Marco.

O jogo começou a um ritmo baixo e sem grandes desequilíbrios. O Sporting tinha um ascendente claro, atuando quase por inteiro no meio-campo adversário, mas não conseguia ultrapassar a autêntica muralha montada pelo Santa Clara à volta do último terço. Depressa se percebeu que as principais investidas leoninas iriam aparecer pela esquerda, através dos movimentos de Nuno Santos, mas também não foi preciso esperar muito para compreender que os açorianos tentavam estancar todas as avenidas em direção à baliza — abdicando quase por completo de atacar.

Artur Soares Dias assinalou uma grande penalidade a favor do Sporting ainda nos primeiros 20 minutos, revertendo depois a decisão após analisar as imagens do VAR por considerar que Gabriel Silva não tinha feito falta sobre Nuno Santos, e o jogo chegou praticamente à meia-hora com um único remate, de Ugarte e muito ao lado. Acabou por ser Pote a descobrir a melhor forma de desconstruir a defesa do Santa Clara, ao tentar isolar Paulinho com um passe para as costas do adversário no corredor central — e, a partir daí, foi só preciso esperar para ver Marcus Edwards espalhar a magia do costume.

O avançado inglês recebeu à entrada da grande área, descaiu na esquerda e rematou cruzado já na grande área; Gabriel Batista defendeu para a frente e Morita, que tinha estado na origem do lance, apareceu na recarga a desviar de cabeça e abrir o marcador contra a antiga equipa (29′). O Santa Clara teve muita dificuldade para reagir à desvantagem, afundando ainda mais as linhas face à insistência do Sporting, e só assustou Adán (44′) com um cruzamento na direita a que Gabriel Silva chegou atrasado (e em fora de jogo).

Ao intervalo, o Sporting estava a vencer o Santa Clara sem grande brilho, sem grandes oportunidades e sem qualquer nota artística mas com a eficácia necessária para desbloquear uma partida que tinha toda a probabilidade de se tornar complicada com a ausência de golos com o passar dos minutos. A nível individual, destacava-se apenas a exibição positiva de Jeremiah St. Juste, que ia sendo o primeiro elemento da construção leonina logo a partir do setor mais recuado.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Santa Clara-Sporting:]

O Santa Clara mostrou que ia atrás do resultado logo nos minutos iniciais da segunda parte, com Adán a evitar o golo de Pedro Bicalho (47′) depois de um bom trabalho de Tagawa — que entrou ao intervalo para o lugar de João Lima — na direita. Rúben Amorim foi forçado a tirar aquele que estava a ser o melhor elemento da equipa logo depois do intervalo devido a problemas físicos de St. Juste, lançando Gonçalo Inácio, e Edwards teve a primeira oportunidade do Sporting no segundo tempo ao atirar ao lado depois de um autêntico slalom pela direita (56′).

O momento do inglês, porém, foi um oásis no deserto que foi a segunda parte dos leões. Mário Silva mexeu bem na equipa, lançando Allano e Andrézinho pouco depois da hora de jogo, e a equipa de Amorim teve muitas dificuldades para reagir à clara subida de rendimento e de níveis de confiança dos açorianos. Adán voltou a ser crucial depois de um remate de Ricardinho à entrada da grande área (68′) e segurou novamente a vantagem mínima do Sporting com uma intervenção brilhante após um pontapé de Bruno Almeida (83′).

Rúben Amorim colocou Trincão, Rochinha e Alexandropoulos em campo mas o conjunto leonino não demonstrava capacidade para se soltar da pressão adversária e criar perigo, aproximando-se da baliza do Santa Clara muito a espaços e essencialmente nos derradeiros minutos do encontro, quando as dinâmicas partiram. O empate esteve sempre mais próximo do que o segundo golo do Sporting, durante toda a segunda parte, e o exemplo paradigmático disso mesmo foi o facto de os leões optarem por segurar a bola e colocar gelo na partida nos últimos minutos. Ainda assim, já em cima do minuto 90, Nuno Santos aumentou a vantagem com um pontapé de fora de área (90′) — num golo que se tornou crucial quando Tagawa, já nos descontos, reduziu para os açorianos (90+5′).

O Sporting regressou às vitórias depois da derrota na Liga dos Campeões e bateu o Santa Clara nos Açores, ultrapassando um terreno onde costuma ter dificuldades e cumprindo a respetiva tarefa antes de os principais rivais entrarem em campo. Depois do terror em Marselha, Adán provou que Rúben Amorim tinha razão: aqueles 22 minutos não apagaram nada no guarda-redes espanhol, que foi fulcral para a vitória leonina com duas defesas que evitaram golos açorianos.

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