Um ato bom atrai outro ato bom, uma ação bem feita atrai outra ação bem feita. Não é nenhuma ciência, nenhuma regra ou nenhuma garantia mas faz parte do adágio popular e também vai encontrando o seu reflexo no futebol, quando equipas que estão motivadas e a ganhar parecem ter algo que as empurra para mais vitórias. Se tudo isso na verdade existe, a Roma é tudo menos um desses casos e a última semana da equipa comandada por José Mourinho é exemplo paradigmático disso mesmo… entre triunfos.

Mourinho tinha 60.011 do lado dele. Mas não foi suficiente (a crónica do Roma-Betis)

Rebobinemos o filme. Depois de um bom início de época mesmo entre lesões de elementos importantes no onze inicial (Wijnaldum e Karsdorp, nas baixas por períodos mais longos) e um período menos conseguido, a pausa para seleções chegou com os romanos a perderem no Olímpico frente à Atalanta num daqueles jogos ingratos em que poderiam passar a noite toda a jogar que a bola não iria entrar na baliza contrária. No entanto, e no regresso, a resposta não poderia ser melhor: sem Mourinho no banco, a Roma ganhou em Milão ao Inter, deixou o técnico em delírio no autocarro da equipa onde assistiu ao encontro entre folhas e cadernos para passar informações ao banco e quebrou os maus resultados em jogos grandes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Imperador de Roma, omnipresente em Milão: Mourinho vence Inter no San Siro pela primeira vez

Por outras palavras, se azar atrai azar, a sorte também podia puxar a sorte. Não puxou, em nenhum dos sentidos. No regresso à Liga Europa para jogar em casa com os espanhóis do Betis, os giallorossi perderam por 2-1 e ainda viram Zeki Çelik, agora titular indiscutível, lesionar-se com possível gravidade. “Foi uma pena o árbitro assistente, que viu a agressão do Zaniolo, não ter visto o segundo amarelo para o Pezzella, que devia ter sido expulso. Não fizemos um jogo brilhante mas a equipa não merecia perder, penso que a derrota se deveu a um erro originado pelo cansaço. O Betis criou-nos problemas, é uma equipa com grande qualidade técnica, mas, e é isto que dói, fomos nós que tivemos mais oportunidades de golo. Penso que o empate teria sido o resultado mais lógico”, comentou o treinador português no final.

Seguia-se uma receção ao Lecce que, em caso de vitória, colocaria a Roma na quinta posição da Serie A a um ponto de Udinese e AC Milan, a dois da Atalanta e a quatro do líder Nápoles. Os três pontos foram mesmo confirmados, num encontro menos exuberante do que os minutos iniciais mostraram, mas o tal azar entre o sucesso voltou a aparecer e da forma mais complicada possível para a formação da capital.

À semelhança do que tinha acontecido em Milão, Smalling voltou a marcar neste caso a inaugurar o marcador, na sequência de uma insistência após canto com cabeceamento ao segundo poste (6′). E foram algumas as oportunidades para o segundo, sobretudo uma em que Pellegrini acertou nas malhas laterais (12′). No entanto, e já reduzido a dez por expulsão com vermelho direto do capitão Hjulmand por entrada dura sobre Belotti (22′), o Lecce conseguiu marcar contra a corrente da partida, aproveitando também uma bola a pingar na área depois de um canto à esquerda para fazer o empate por Strefezza (39′).

Ao intervalo, jogando com mais uma unidade e precisando de chegar ao golo, Mourinho trocou Zaniolo e Viña por Tammy Abraham e Spinazzola e conseguiu efeitos práticos logo a abrir o segundo tempo, com o avançado inglês a sofrer uma grande penalidade e Paulo Dybala a fazer o 2-1, cumprindo o quinto encontro consecutivo sempre a marcar (48′). E sim, um azar nunca vem só – nesse mesmo lance, o argentino sentiu logo uma picada na coxa, ainda tentou ficar mas foi substituído. Até ao final a Roma ainda teve chances para aumentar a vantagem e um golo anulado a Abraham mas, entre a sorte, continuou o azar.