A economia portuguesa vai crescer 0,7% em 2023, segundo as novas previsões do FMI divulgadas esta quinta-feira. A confirmar-se, será pouco mais de metade da projeção que está subjacente à proposta de Orçamento do Estado que o Governo entregou esta semana na Assembleia da República – que é de 1,3%. Ainda assim, a previsão do FMI para o crescimento português é um pouco mais animadora do que a travagem a fundo que a economia da zona euro deverá ter: um crescimento de 0,5%, com países como a Alemanha e Itália em recessão.
Além de estar mais pessimista para o crescimento económico em 2023, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também antecipa uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mais comedida em 2022: a economia irá crescer 6,2% este ano, um pouco menos do que os 6,5% previstos no cenário macroeconómico que está na proposta de Orçamento do Estado.
O cenário macroeconómico do Governo também estará, a julgar pelas previsões do FMI, a subestimar a persistência da inflação no próximo ano. De uma subida de 7,9% nos preços no consumidor, o ano de 2023 deverá ter uma taxa de inflação de 4,7% – pior do que os 4% previstos no Orçamento do Estado.
Nas previsões divulgadas esta terça-feira, o FMI também aponta para um défice de 1,1% do PIB este ano e 0,4% no próximo, ao passo que a taxa de desemprego deve subir para 6,5% em 2023, face a 6,1% em 2022.
“A economia mundial está a sofrer uma série de desafios turbulentos“, escreve o FMI no sumário executivo do seu World Economic Report, divulgado esta terça-feira. “Uma inflação mais elevada do que fora visto em várias décadas, condições financeiras a apertar na maioria das regiões, a invasão da Ucrânia pela Rússia e o efeito da pandemia de Covid-19, que se arrasta, tudo isto são fatores que pesam muito nas perspetivas económicas”, acrescenta o FMI.
O organismo sedeado em Washington acrescenta que “a normalização da política monetária e orçamental, que deram um apoio sem precedentes durante a pandemia, está a arrefecer a procura económica à medida que os responsáveis políticos tentam baixar a inflação de volta para os objetivos – mas um conjunto cada vez maior de economias está em abrandamento ou, mesmo, em contração“.
Na opinião do FMI, “o futuro da economia global depende, essencialmente, de uma calibração da bem sucedida da política monetária, da evolução da guerra na Ucrânia e o risco de novas perturbações relacionadas com a pandemia, designadamente na China”.