No verão de 2018, quando William Carvalho deixou o Sporting e assinou pelo Betis após um acordo entre clubes para não sair de Alvalade a custo zero no seguimento da onda de rescisões unilaterais na formação leonina, Betis e Sevilha tinham terminado uma temporada em que discutiram até ao final pelos lugares de qualificação para a Liga Europa com os primeiros a ficarem em sexto e os rivais em sétimo. Na época que se seguiu, foi o Sevilha a levar a melhor. Em 2019/20, ainda mais – e os sevilhanos não só chegaram à Liga dos Campeões como ganharam outra Liga Europa enquanto o Betis tentava fugir aos últimos lugares.

William Carvalho: “Levarei para sempre o Sporting no meu coração”

A partir daí, e de forma gradual, a realidade foi mudando. É certo que, com Julen Lopetegui no comando da equipa, o Sevilha ainda voltou à Champions antes de uma época em 2022/23 de tal forma falhada que o técnico já foi mesmo dispensado. Ao invés, Manuel Pellegrini foi montando um projeto que colocou o Betis de forma regular nas provas europeias e a jogar bom futebol. Os resultados, esses, são transversais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Numa ação promovida pela Eleven Sports, Ramón Alarcón, diretor de negócio do conjunto da Andaluzia, explicou como esse crescimento se consubstanciou na subida do Betis a vários níveis: 18% dos espanhóis, num total de 6,8 milhões de pessoas, colocam o clube como um dos seus três favoritos no país; a marca subiu a 43.ª mais forte no futebol; os sócios aumentaram para 75.000 pagantes; o crescimento nas redes sociais é de 30%/ano sendo o quarto conjunto espanhol a nível de engagement; o Benito Villamarín foi o terceiro com mais assistências na Liga em 2021/22; e está projetada uma nova Cidade Desportiva que será uma das maiores da Europa, com 14 campos em 51 hectares, bem maior comparando com aquilo que clubes como o Real Madrid (30 hectares) ou o Barcelona (16,4 hectares) têm hoje.

É neste contexto que William Carvalho e Rui Silva têm contribuído para um desenvolvimento em campo que tem reflexos depois fora dele. E foi à luz desse contexto que falaram dos seus atuais momentos.

“A temporada tem corrido da melhor forma até aqui. Estamos a ganhar muitos jogos. Tenho jogado com regularidade e as exibições têm chegado com muito trabalho. Melhor momento da carreira? Sim, este é o momento em que estou mais constante e mais consistente. Tenho tido exibições mais regulares. É isso que aumenta o valor do jogador. Quero continuar a mostrar o trabalho feito até agora. Mais golos? Tenho marcado mais porque jogo mais à frente. Não é igual jogar a médio defensivo ou mais perto da área. Não tenho definida uma meta de golos, quero é ajudar a equipa e se possível marcar mais golos do que no ano passado”, referiu o médio que marcou dois golos ao Almería com dedicatória especial.

“Isso é muito, muito importante. Muitas vezes, os jogadores vão para dentro do campo e as pessoas não sabem o que se passa com a vida do jogador, se há um problema familiar ou assim. E os adeptos querem é resultados. Se tivermos menor rendimento, vamos ser criticados. Por isso é importante a mente estar bem, conseguirmos estar positivos. Somos uns privilegiados por ter esta profissão e por ganhar o que ganhamos, mas só se estivermos bem mentalmente as coisas vão correr melhor”, referiu  internacional português a propósito do festejo dos golos frente ao Almería numa altura em que espera o segundo filho.

“Posição? Quando vim para o Betis e quando joguei no Sporting, joguei quase sempre como médio defensivo. Só com a chegada do mister Pellegrini passei a jogar a box-to-box. Acho que ele foi fundamental na mudança de posição porque passei a jogar com outro médio mais defensivo. Com Fernando Santos na Seleção também comecei como médio defensivo e agora tenho jogado mais a 8. Para mim é indiferente a posição onde jogo, desde que seja no meio. Sempre fui jogador de construção de fazer jogar, hoje tenho aparecido mais à frente. Golos é que valorizam mais, na ótica do adepto, mas não deixo de valorizar um passe entre linhas que permite a um colega em boa posição”, referiu ainda William Carvalho.

“Este passo para o Betis ajudou-me imenso, melhorei muito e fez-me crescer como jogador e como pessoa. Aumentei o meu nível de exigência e a minha mentalidade mudou totalmente. Começámos muito bem o campeonato e estamos invictos em casa até ao momento. Estamos na parte cimeira da tabela a lutar pelas posições da Liga dos Campeões com grandes clubes. Está tudo muito próximo, ainda estamos no começo, mas é muito bom começar com o pé direito. Na Liga Europa também já passámos à próxima fase. São muitos jogos, muita exigência, algum cansaço, mas está a ser bom começar assim”, referiu Rui Silva.

“Presença no Mundial? Seria especial, já participei no último Europeu. Dá muito prestígio e sonhamos sempre fazer parte dos eleitos. Estou a trabalhar nesse sentido. A competência é elevada e é muito difícil integrar a convocatória mas tenho de continuar a trabalhar. Ser o número 1 de Portugal? É sempre um objetivo ser o titular da Seleção. O Rui Patrício fez durante muitos anos épocas brilhantes e esteve muito bem. A aposta agora tem sido no Diogo Costa, que está num nível excecional e tem apresentado níveis elevados de maturidade. Vou trabalhar com esse intuito, mas o meu foco é estar entre os eleitos para o Mundial, algo que também é bastante difícil devido à qualidade que existe”, completou o guarda-redes.