“A zona euro já está, neste momento, em recessão“, afirmam economistas de grandes bancos de investimento europeus, depois de esta segunda-feira terem sido divulgados os chamados índices de gestores de compras (PMI, na sigla mais utilizada), que são dados económicos avançados que tentam antecipar tendências na economia em tempo real. Do lado da inflação, os mesmos indicadores apontam para uma pressão de subida dos preços na produção um pouco menor mas “ainda é cedo para dizer que a inflação dos preços nos consumidores é um problema que está resolvido”, diz um economista do ING.
A primeira estimativa para o PMI compósito (indústria+serviços) apontou para uma queda, em outubro, para os 47,1 pontos – o que não só ficou abaixo das expectativas dos analistas como marca uma descida em relação aos 48,1 pontos de setembro. Qualquer valor abaixo de 50 pontos representa, na forma como este índice é calculado, uma contração da atividade e este foi o quarto mês consecutivo que o PMI compósito ficou abaixo dessa marca.
“O PMI mais fraco do que o esperado confirma que a zona euro já está em recessão“, escreve Peter Vanden Houte, economista-chefe do banco holandês ING para a Europa, em nota de análise a este indicador económico que analisa a evolução das principais economias da zona euro. O PMI compósito caiu para 47,1 pontos, um mínimo de 23 meses, mas a indústria está a sentir a contração maior: o PMI da indústria baixou para 46,6 pontos, ao passo que nos serviços ficou-se pelos 48,2 pontos.
Também o banco alemão Commerzbank diz que “agora é praticamente uma certeza: a economia da zona euro está em recessão“. A quebra mais significativa está a ocorrer nos setores mais dependentes de energia, como as indústrias químicas, os polímeros e recursos naturais. Entre os países analisados, a Alemanha teve a descida mais pronunciada nos índices PMI, ao passo que a segunda maior economia da zona euro, França, parece estar a marcar passo.
A indústria europeia está, porém, a sentir algum alívio dos problemas nas cadeias de abastecimento – os atrasos estão em mínimos de dois anos – o que aponta para um cenário em que “as pressões sobre os preços a montante parecem estar a atenuar-se, mas ainda parece ser um pouco cedo demais para cantar vitória no combate à inflação dos preços no consumidor“, diz Peter Vanden Houte.