A Iniciativa Liberal prepara-se para eleger o substituto de João Cotrim Figueiredo na liderança do partido. A corrida (por enquanto) é a dois, com Rui Rocha e Carla Castro como protagonistas, e todos os membros podem votar, mas ainda não há data marcada e as opiniões divergem sobre o momento acertado para a Convenção.

Seja em dezembro, seja em janeiro, uma coisa é certa: os estatutos da IL permitem que qualquer membro no “pleno gozo dos seus direitos e com quotas vencidas pagas” possa inscrever-se na Convenção e, consequentemente, votar no nome que irá liderar o partido nos próximos dois anos.

Neste momento a IL conta com seis mil membros e só após as inscrições para a reunião magna será possível perceber o universo de pessoas que vai eleger o sucessor de Cotrim Figueiredo. No seio do partido há um dado importante: não há listas à Convenção (como acontece noutros partidos) e, como tal, cada membro tem direito a marcar presença (que necessita de inscrição prévia) e a votar de forma secreta. Um membro, um voto.

Mais ainda: segundo os estatutos, caso a presença física não seja possível, o Conselho Nacional poderá “deliberar a participação remota” dos membros, o que pode permitir votos à distância.

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No Conselho Nacional marcado para o dia 6 de novembro, em Coimbra, será decidida a data da Convenção, bem como a data limite para que os membros se inscrevam e possam participar, votar e escolher o próximo presidente do partido durante a reunião magna.

Esta votação para a liderança é feita através de uma moção estratégica que surge associada a cada uma das listas candidatas à Comissão Executiva e ao respetivo programa. E além da Comissão Executiva — que apenas seria votada para o ano caso Cotrim Figueiredo não deixasse a presidência —, será ainda votado o Conselho Nacional, o Conselho de Jurisdição e o Conselho de Fiscalização.

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Na Convenção, além dos membros que se inscrevam, está ainda presente, por inerência, a mesa do Conselho Nacional, bem como observadores sem direito a voto: os não-membros do partido que sejam titulares de cargos políticos eleitos em listas e outros que o Conselho Nacional entenda convidar.

Adiar eleições para janeiro ou manter em dezembro?

Apesar de não haver uma data fechada, a Convenção da IL estava prevista para o mês dezembro, como aconteceu em 2021, mas também a agenda está a dividir Rui Rocha e Carla Castro.

O candidato apoiado por João Cotrim Figueiredo, e o primeiro a apresentar uma candidatura à liderança, considera que deve haver um “alargamento do calendário eleitoral” e que as eleições devem passar para o mês de janeiro para que “quem quiser concorrer o faça sem que o tempo seja limitação”. Para que tal aconteça, será o próprio Rui Rocha a apresentar uma proposta ao Conselho Nacional.

A opinião, expressa publicamente no Twitter, foi justificada com o facto de o partido poder ganhar com “o debate democrático e a discussão clara de alternativas”.

Carla Castro não está de acordo e prefere que os liberais vão a votos no último mês do ano do que adiar as eleições. Ao Observador, a candidata explicou que “não há necessidade” de alterar o que já estava previsto. “A data está marcada e quando tomei a decisão foi com os dados que estavam em cima da mesa”, disse, referindo-se à Convenção no mês de dezembro como sendo “exequível”.

Com uma opinião idêntica surge também a lista B, que tem Nuno Simões de Melo como cabeça de lista ao Conselho Nacional e que, além de ter surgido como a oposição a Cotrim que pretende dar mais espaço aos “liberais clássicos”, já admitiu tentar chegar a uma “plataforma de entendimento” com Carla Castro. A lista disse “recusar” o adiamento da reunião magna para janeiro e pretende que a reunião seja realizada em Portalegre.

“Somos frontalmente contra que qualquer candidato a qualquer órgão da IL tente mudar as regras a meio do jogo. A próxima convenção deverá ser em Dezembro, como sempre esteve programada. Pelo que reforçamos que estranhamos os argumentos utilizados pelo deputado Rui Rocha”, pode ler-se na mesma nota.