“Na Europa, o pássaro voará de acordo com as nossas regras europeias”. Foi assim que Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, reagiu à afirmação de Elon Musk de que o “pássaro foi libertado” após carimbar a aquisição, por 44 mil milhões de dólares, do Twitter.
???? @elonmusk
In Europe, the bird will fly by our ???????? rules.#DSA https://t.co/95W3qzYsal
— Thierry Breton (@ThierryBreton) October 28, 2022
Além disso, o comissário europeu voltou a partilhar um vídeo que data de maio, quando teve uma reunião com o multimilionário para lhe explicar no que consistia a Lei dos Serviços Digitais da União Europeia — legislação que obriga as plataformas online a moderar os conteúdos e a tornar os algoritmos mais transparentes, sob risco de pagamento de multas. Se Musk não a cumprir, o Twitter enfrentará multas de até 6% das vendas anuais e poderá até ser bloqueado, escreve a Bloomberg.
That’s what he said????#ICYMIhttps://t.co/V2kdvJLTBy
— Thierry Breton (@ThierryBreton) October 28, 2022
Nas imagens, de maio, pode ouvir-se Elon Musk a concordar com a perspetiva da União Europeia e de Thierry Breton ao dizer o seguinte: “Está exatamente alinhado com o que penso fazer”. Porém, o patrão da Tesla e da Space X considera-se um “absolutista da liberdade de expressão” e tem vindo a posicionar-se contra as políticas de moderação de conteúdos.
“O pássaro foi libertado.” Elon Musk já é dono do Twitter e afasta diretores
As reações à aquisição de Elon Musk não se ficaram pelo alerta da União Europeia. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, desejou “boa sorte” a Elon Musk na “superação de preconceitos políticos e ditadura ideológica no Twitter”.
Good luck @elonmusk in overcoming political bias and ideological dictatorship on Twitter. And quit ???? that Starlink in Ukraine business
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) October 28, 2022
Biz Stone, cofundador do Twitter, utilizou a rede social para agradecer a Parag Agrawal, Nem Segal e Vijaya Gadde pela “contribuição coletiva” para a plataforma. Os executivos que foram afastados pelo multimilionário são descritos por Biz Stone como “talentos enormes, todos, e belos humanos”.
Thank you to @paraga, @vijaya, and @nedsegal for the collective contribution to Twitter. Massive talents, all, and beautiful humans each!
— Biz Stone (@biz) October 28, 2022
Ned Segal, diretor financeiro que foi afastado por Elon Musk, escreveu uma mensagem de despedida no Twitter explicando estar “grato pela oportunidade de ter trabalho com um grupo de pessoas tão incrível”. Declarando ter “grande esperança para o Twitter”, explica que a rede social “no seu melhor” é capaz de “democratizar a comunicação e o conhecimento”, mas também a “distribuição igualitária de informação”.
Thursday concluded 5 years @twitter. I’m grateful for the opportunity to have worked with such an incredible group of people building the world’s town square for all of our stakeholders. The work isn’t complete, but we made meaningful progress.
— Ned Segal (@nedsegal) October 28, 2022
O CEO da Binance, coinvestidor no acordo do Twitter, garante que se sente “mais seguro acerca da sua conta do Twitter” com a liderança de Elon Musk e faz dois pedidos: um botão de edição e o fim dos bots. Em comunicado, Changpeng Zhao (CZ) garantiu estar empolgado por poder ajudar o patrão da Tesla e da Space X a “realizar uma nova versão para o Twitter”.
O nosso objetivo é desempenhar um papel na união das redes sociais e da Web3 para ampliar o uso e a adoção da tecnologia de cripto e de blockchain”, lê-se no comunicado, que recorda que CZ afirmou num tweet que a Binance tinha transferido, há dois dias, 500 milhões de dólares como parte do acordo com Elon Musk.
https://twitter.com/cz_binance/status/1585690777551884290
Our intern says we wired the $500 million 2 days ago, probably just as I was being asked about Elon/Twitter. https://t.co/gM65GHUnZC
— CZ ???? BNB (@cz_binance) October 28, 2022
A guionista Randi Mayem Singer, que escreveu o roteiro da série “Mrs. Doubtfire”, publicou um tweet a dar conta de que ainda continuava na rede social. “Ainda aqui estou. Por enquanto”, escreveu.
I'm still here. For now.
— Randi Mayem Singer (@rmayemsinger) October 28, 2022
Por sua vez, Nick Manes, jornalista do Crain’s Detroit Business, tem partilhado no Twitter opiniões de analistas acerca da compra da rede social, como, por exemplo, uma em que é escrito que o preço de 44 mil milhões de dólares para o Twitter será “uma das aquisições de tecnologias mais sobrepagas na história dos negócios de fusão e aquisição”.
Um GIF do filme “Joker” com Heath Ledger a dizer “E aqui vamos nós” a acompanhar a notícia de que diretores do Twitter haviam sido despedidos pelo patrão da Tesla também foi partilhado nas rede social.
"The $44 billion price tag for Twitter will go down as one of the most overpaid tech acquisitions in the history of M&A deals" — Wall St analyst @DivesTech in an investor note this morning
— Nick Manes (@nickrmanes) October 28, 2022
“As one of (Musk’s) first moves, he fired several top Twitter executives, according to three people familiar with the matter”https://t.co/m7A0NcEGoL pic.twitter.com/vbNBuJKT7w
— Nick Manes (@nickrmanes) October 28, 2022
A atriz de Bollywood Kangana Ranaut aproveitou a chegada de Elon Musk ao Twitter para partilhar pedidos de fãs para que a sua conta seja restaurada, dizendo ter “saudades” dos amigos que tinha na rede social.
Kangana Ranaut foi banida do Twitter no ano passado após a rede social a ter acusado de violar as regras sobre conduta de ódio e comportamento abusivo, segundo a Reuters. A atriz, conhecida por apoiar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, partilhou um tweet onde instava o governante a recorrer a táticas gangster para “dominar” a ministra-chefe da Bengala Ocidental, Mamata Banerjee. Isto porque o partido regional de Mamata Banerjee derrotou os nacionalistas hindus de Modi para manter o controlo do governo estadual em Calcutá.
Em reação ao bloqueio, em maio de 2021, a atriz emitiu um comunicado onde afirmava o seguinte acerca do Twitter: “Eles são americanos, e por nascimento, uma pessoa branca sente-se no direito de escravizar uma pessoa negra. Eles querem dizer-lhe o que pensar, falar ou fazer. Felizmente eu tenho muitas plataformas que posso utilizar para fazer ouvir a minha voz“.
Ainda não é claro se a conta de Kangana Ranaut vai ser recuperada, mas em maio Elon Musk disse que reverteria uma proibição: a de Donald Trump, que foi bloqueado após o ataque ao Capitólio dos EUA. O antigo Presidente dos EUA não demonstrou, contudo, vontade de regressar à plataforma — até porque lançou a sua própria rede social, a Truth Social.
Donald Trump optou por comentar a compra do Twitter na sua conta na Truth Social. “A Truth Social tornou-se um tipo de fenómeno. Na semana passada tivemos números maiores do que qualquer outra plataforma, incluindo o TikTok, Twitter, Facebook e o resto”, disse. “Estou muito contente de que o Twitter esteja agora em mãos sãs e que já não vai ser gerido pelos lunáticos radicais de esquerda e por maníacos que verdadeiramente odeiam o nosso país. O Twitter deve agora trabalhar de forma árdua para se livrar de todos os bots e contas falsas que o prejudicaram tanto. Vai ser muito mais pequeno, mas melhor.”
Quem também já reagiu a esta aquisição foi Edward Snowden, antigo trabalhador do Governo norte-americano que em 2013 denunciou um esquema de vigilância massiva na NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. “Isto pode causar controvérsia, mas a censura nas plataformas foi claramente longe demais. A moderação de conteúdos deve ser uma decisão individual, não uma prisão corporativa”, escreveu na sua conta do Twitter. “Deixem as pessoas fazerem as suas próprias escolhas — e não só no Twitter.”
This is going to cause controversy, but platform censorship had clearly gone too far. Content moderation should be an individual decision, not a corporate prison.
Let people make their own choices—and not just on Twitter. https://t.co/BlN8W4CqSP
— Edward Snowden (@Snowden) October 28, 2022
(Atualizado às 17h49 com novas reações)
Elon Musk considera que expulsão de Donald Trump do Twitter foi “um erro” e reverteria decisão