“Na Europa, o pássaro voará de acordo com as nossas regras europeias”. Foi assim que Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, reagiu à afirmação de Elon Musk de que o “pássaro foi libertado” após carimbar a aquisição, por 44 mil milhões de dólares, do Twitter.

Além disso, o comissário europeu voltou a partilhar um vídeo que data de maio, quando teve uma reunião com o multimilionário para lhe explicar no que consistia a Lei dos Serviços Digitais da União Europeia — legislação que obriga as plataformas online a moderar os conteúdos e a tornar os algoritmos mais transparentes, sob risco de pagamento de multas. Se Musk não a cumprir, o Twitter enfrentará multas de até 6% das vendas anuais e poderá até ser bloqueado, escreve a Bloomberg.

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Nas imagens, de maio, pode ouvir-se Elon Musk a concordar com a perspetiva da União Europeia e de Thierry Breton ao dizer o seguinte: “Está exatamente alinhado com o que penso fazer”. Porém, o patrão da Tesla e da Space X considera-se um “absolutista da liberdade de expressão” e tem vindo a posicionar-se contra as políticas de moderação de conteúdos.

“O pássaro foi libertado.” Elon Musk já é dono do Twitter e afasta diretores

As reações à aquisição de Elon Musk não se ficaram pelo alerta da União Europeia. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, desejou “boa sorte” a Elon Musk na “superação de preconceitos políticos e ditadura ideológica no Twitter”.

Biz Stone, cofundador do Twitter, utilizou a rede social para agradecer a Parag Agrawal, Nem Segal e Vijaya Gadde pela “contribuição coletiva” para a plataforma. Os executivos que foram afastados pelo multimilionário são descritos por Biz Stone como “talentos enormes, todos, e belos humanos”.

Ned Segal, diretor financeiro que foi afastado por Elon Musk, escreveu uma mensagem de despedida no Twitter explicando estar “grato pela oportunidade de ter trabalho com um grupo de pessoas tão incrível”. Declarando ter “grande esperança para o Twitter”, explica que a rede social “no seu melhor” é capaz de “democratizar a comunicação e o conhecimento”, mas também a “distribuição igualitária de informação”.

O CEO da Binance, coinvestidor no acordo do Twitter, garante que se sente “mais seguro acerca da sua conta do Twitter” com a liderança de Elon Musk e faz dois pedidos: um botão de edição e o fim dos bots. Em comunicado, Changpeng Zhao (CZ) garantiu estar empolgado por poder ajudar o patrão da Tesla e da Space X a “realizar uma nova versão para o Twitter”.

O nosso objetivo é desempenhar um papel na união das redes sociais e da Web3 para ampliar o uso e a adoção da tecnologia de cripto e de blockchain”, lê-se no comunicado, que recorda que CZ afirmou num tweet que a Binance tinha transferido, há dois dias, 500 milhões de dólares como parte do acordo com Elon Musk.

https://twitter.com/cz_binance/status/1585690777551884290

A guionista Randi Mayem Singer, que escreveu o roteiro da série “Mrs. Doubtfire”, publicou um tweet a dar conta de que ainda continuava na rede social. “Ainda aqui estou. Por enquanto”, escreveu.

Por sua vez, Nick Manes, jornalista do Crain’s Detroit Business, tem partilhado no Twitter opiniões de analistas acerca da compra da rede social, como, por exemplo, uma em que é escrito que o preço de 44 mil milhões de dólares para o Twitter será “uma das aquisições de tecnologias mais sobrepagas na história dos negócios de fusão e aquisição”.

Um GIF do filme “Joker” com Heath Ledger a dizer “E aqui vamos nós” a acompanhar a notícia de que diretores do Twitter haviam sido despedidos pelo patrão da Tesla também foi partilhado nas rede social.

A atriz de Bollywood Kangana Ranaut aproveitou a chegada de Elon Musk ao Twitter para partilhar pedidos de fãs para que a sua conta seja restaurada, dizendo ter “saudades” dos amigos que tinha na rede social.

Kangana Ranaut

Kangana Ranaut foi banida do Twitter no ano passado após a rede social a ter acusado de violar as regras sobre conduta de ódio e comportamento abusivo, segundo a Reuters. A atriz, conhecida por apoiar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, partilhou um tweet onde instava o governante a recorrer a táticas gangster para “dominar” a ministra-chefe da Bengala Ocidental, Mamata Banerjee. Isto porque o partido regional de Mamata Banerjee derrotou os nacionalistas hindus de Modi para manter o controlo do governo estadual em Calcutá.

Em reação ao bloqueio, em maio de 2021, a atriz emitiu um comunicado onde afirmava o seguinte acerca do Twitter: “Eles são americanos, e por nascimento, uma pessoa branca sente-se no direito de escravizar uma pessoa negra. Eles querem dizer-lhe o que pensar, falar ou fazer. Felizmente eu tenho muitas plataformas que posso utilizar para fazer ouvir a minha voz“.

Ainda não é claro se a conta de Kangana Ranaut vai ser recuperada, mas em maio Elon Musk disse que reverteria uma proibição: a de Donald Trump, que foi bloqueado após o ataque ao Capitólio dos EUA. O antigo Presidente dos EUA não demonstrou, contudo, vontade de regressar à plataforma — até porque lançou a sua própria rede social, a Truth Social.

Donald Trump optou por comentar a compra do Twitter na sua conta na Truth Social. “A Truth Social tornou-se um tipo de fenómeno. Na semana passada tivemos números maiores do que qualquer outra plataforma, incluindo o TikTok, Twitter, Facebook e o resto”, disse. “Estou muito contente de que o Twitter esteja agora em mãos sãs e que já não vai ser gerido pelos lunáticos radicais de esquerda e por maníacos que verdadeiramente odeiam o nosso país. O Twitter deve agora trabalhar de forma árdua para se livrar de todos os bots e contas falsas que o prejudicaram tanto. Vai ser muito mais pequeno, mas melhor.”

Quem também já reagiu a esta aquisição foi Edward Snowden, antigo trabalhador do Governo norte-americano que em 2013 denunciou um esquema de vigilância massiva na NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. “Isto pode causar controvérsia, mas a censura nas plataformas foi claramente longe demais. A moderação de conteúdos deve ser uma decisão individual, não uma prisão corporativa”, escreveu na sua conta do Twitter. “Deixem as pessoas fazerem as suas próprias escolhas — e não só no Twitter.”

(Atualizado às 17h49 com novas reações)

Elon Musk considera que expulsão de Donald Trump do Twitter foi “um erro” e reverteria decisão