A zona de entrevistas rápidas após a derrota com o Arouca foi uma das mais curtas que teve como técnico do Sporting perante as respostas curtas que foi dando, a conferência de imprensa pouco depois já mostrou intervenções mais longas a explicar ao detalhe alguns pontos como a decisão de não adiar a partida como foi levantado pela Liga. Agora, Rúben Amorim foi a tudo. Respondeu a tudo mesmo quando não admitiu uma resposta por não pensar na pergunta projetada. Falou de Liga dos Campeões, dos erros da equipa, dos resultados, da distância para o rival Benfica, até das possibilidade de continuar mais ou menos tempo em Alvalade. E, ao longo de 13 respostas, deixou muitos nas entrelinhas entre lamentos e ironias.
Rúben Amorim diz que seria um erro pensar no empate com Eintracht Frankfurt
“Se o apuramento para os oitavos da Champions pesa na possibilidade de continuar? Não, nada. Faço a avaliação se sou a pessoa certa para o futuro do Sporting. Podemos falhar ou não objetivos mas todas as épocas começamos do zero. A única avaliação é ter a noção da exigência do clube e principalmente se sou a pessoa certa para seguir no clube. Farei isso no final, gosto de assumir as minhas responsabilidades. O factor mais importante que trouxemos foi a exigência, sem qualquer tipo de desculpa. Se é boa na parte boa, na parte má temos de sofrer as consequências. Os oitavos não mudam muito. Diz mais do treinador se somos consistentes a ganhar às equipas que não têm o mesmo valor do que nós e não temos tido essa capacidade. Na Champions vamos à luta contra equipas com outros orçamentos. Estamos a falhar no que é ser equipa grande, ter consistência”, comentou o técnico verde e branco em conferência.
Dário do futuro, perdoa o Dário do presente. A culpa não é dele (a crónica do Arouca-Sporting)
“Se o futuro fica comprometido sem a Champions? Acho que vamos passar, não vou responder já a essa pergunta. Não entra na minha cabeça”, acrescentou ainda antes da partida com o Eintracht Frankfurt onde um ponto vale a passagem aos oitavos, uma vitória pode dar até o primeiro lugar no grupo caso a equipa do Tottenham não ganhe o seu jogo mas uma derrota pode significar Liga Europa ou mesmo saída da Europa.
“Os adversários estão com mais dificuldades em parar-nos porque criamos mais oportunidades. Temos de arranjar forças onde for. O futebol é mesmo assim. Há coisas boas nos maus momentos, aprendemos com eles, mas não há muita coisa a tirar. Não sou apologista de que temos de sofrer para crescer. Temos de viver com as coisas como elas são. Podemos estar a falhar objetivos, mas o clube em si está mais fortalecido e tem mais futuro”, salientou ainda Rúben Amorim, a propósito das sete derrotas em 17 jogos esta temporada, num registo de quatro desaires em 11 rondas da Liga como não acontecia desde 2012/13. “Se falei com o presidente sobre a renovação? Não vou comentar. Sei que tenho muita confiança por parte da Direção mas num clube tão grande isso não é suficiente. Vamos ver. Temos de encarar isto como é. Temos de ganhar, passar a eliminatória e cumprir o objetivo. É isso que vamos fazer”, frisou.
Em paralelo, e depois de ter admitido as dificuldades físicas na última meia hora da partida em Londres com o Tottenham e as seis modificações em Arouca pela mesma gestão física (desde janeiro que não mexia em tantos jogadores de uma para outra partida), Rúben Amorim abordou o atual panorama de baixas nos leões e teve até uma tirada “anormal” em relação a Roger Schmidt na comparação com o Benfica.
“Basta relembrar as lesões. Alguma foram traumáticas, o St. Juste tem-se lesionado porque não fez pré-época e torceu um pé… O Neto tem uma lesão traumática no joelho, não podemos… O Porro há uma outra vez pela sobrecarga de jogos e pela potência e forma como joga que tem alguns problemas. Não podendo rodar sempre, temos as lesões. Não é o departamento médico, é a nossa preparação. Fazemos o mesmo que noutros casos. Já falámos que eu tinha escolhido um plantel curto e não tínhamos quase lesões e aguentámos calendários carregados. Há coisas que não controlamos, sequências que não controlamos e jogadores que estão em fadiga e lesionam-se. Um jogador pode ter lesões por problemas pessoais… É ter convicção no que fazemos e não ter a sensação de que quando está tudo bem, está tudo certo, e que quando as coisas correm mal, está tudo errado”, detalhou o treinador do conjunto verde e branco.
“Se o Benfica atravessa esta fase é porque o Benfica tem melhor treinador e faz uma melhor preparação dos jogadores… Ainda não tenho essa capacidade. Daí olhar para os meus e entender que precisávamos de energia para aquele jogo. Eu entendi de uma forma, o treinador do Benfica entende de outra. Se olharmos para os resultados vemos uma clara diferença na qualidade dos treinadores”, disse.