Morreu, aos 93 anos, Hannah Pick-Goslar, uma das melhores amigas da judia Anne Frank. A informação foi avançada a 28 de outubro pela Fundação que administra a Anne Frank House.
Ficámos tristes ao saber da morte de Hannah Pick-Goslar, aos 93 anos. Hannah, ou Hanneli como Anne dizia no seu diário, era uma das melhores amigas de Anne Frank; conheciam-se desde o jardim de infância. Tornaram-se amigas próximas e estiveram sempre juntas dentro e fora das casas uma da outra. Hannah contou: ‘A minha mãe descreveu bem Anne Frank. Ela disse que Deus sabe tudo, mas que a Anne sabe melhor’”, pode ler-se na publicação feita pela Anne Frank House na rede social Instagram.
A fundação não revelou detalhes ou a causa de morte, mas o El País afirma que Pick-Goslar morreu em Jerusalém.
A amiga de infância de Anne Frank emigrou para a Palestina em 1947, onde se tornou enfermeira. Casou-se com Walter Pick e acabou por formar uma grande família: 3 filhos, 11 netos e 31 bisnetos. “É a minha resposta a Hitler”, observou.
Hanneli é mencionada várias vezes no diário mundialmente conhecido de Anne Frank. Antes da Segunda Guerra Mundial, as judias estudavam juntas e as suas famílias eram vizinhas em Amesterdão, pois ambas fugiram da Alemanha nazi.
“Éramos refugiados e morávamos na mesma rua que os Franks, em Amesterdão. Tudo correu bem até 1940. Não notámos o antissemitismo. A partir de então, tínhamos de usar a estrela amarela na roupa. Só podíamos comprar em lojas judaicas entre as 15h00 e as 17h00… e nada de ir à piscina ou sentar no banco do parque. Era proibido para judeus e cães ”, contou Pick-Goslar em 2021, mencionado pelo El País.
Segundo a ABC News, “as amigas foram separadas quando a família de Anne se escondeu em 1942. Reencontraram-se em fevereiro de 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, pouco tempo antes de Anne morrer”.
Em 1995, na estreia de um documentário, Pick-Goslar relembrou um dos reencontros que teve com a amiga: “Um dia estava do lado de fora ao frio e de repente ouvi o meu nome a ser chamado. Era a Anne. Foi terrível, e começámos a chorar. Ela disse-me que não tinha mais ninguém. Se soubesse que o pai estava vivo… ”, citou o El País.
Hannah Pick-Goslar recordou várias vezes a amiga judia ao longo dos últimos anos. “Ter sido eu [a ficar viva] e não Anne Frank é uma coincidência cruel”, lamentou.