Há mais portugueses a comprar online e com mais frequência. Esta é uma das principais conclusões do Estudo da Economia e da Sociedade Digital em Portugal, elaborado pela ACEPI (Associação da Economia Digital) e pela consultora IDC.

Os números de adoção das compras online provam que não se tratou de uma fenómeno passageiro da pandemia. Em 2020 e 2021, com muitas lojas fechadas, Portugal deu um salto expressivo no comércio eletrónico, com 45% e 52% da população a afirmar que comprava online, respetivamente. Na altura, os números ultrapassaram as previsões pré-covid, que apontavam para 42% e 45% em 2020 e 2021, respetivamente.

O estudo nota que algumas previsões apontavam para um ajuste de mercado em 2021, eventualmente mais próximo dos valores pré-pandemia, mas que isso não aconteceu. Aliás, os números continuaram a subir: no ano passado 52% dos portugueses compraram online e a previsão deste ano aponta para 56%.

A adoção das compras online promete continuar em rota ascendente nos próximos quatro anos. Para 2023 é esperado que 60% dos portugueses adquiram produtos e serviços na internet, percentagem que deverá chegar aos 72% em 2026.

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Apesar da previsão de números expressivos no futuro, as previsões da IDC antecipam que Portugal vá continuar afastado da média europeia neste tema dos comércio eletrónico. Em 2020 e 2021, devido à pandemia, o país conseguiu reduzir ligeiramente a diferença face à média da UE, mas continua a ser notória a dificuldade de acompanhar aquilo que se faz lá fora.

Em 2026, mesmo com uma subida de 16 pontos percentuais em relação aos números de 2022, Portugal ficará longe dos 84% de indivíduos que fazem compras online na União Europeia, uma diferença de 22 pontos percentuais.

O estudo nota que tem sido registado um crescimento generalizado dos compradores online em Portugal, mas que há zonas do país a crescer de forma mais expressiva, como a área metropolitana de Lisboa (AML), a região Centro ou o Algarve. A AML teve em 2021 uma expressão de comércio eletrónico de 59%, seguida pelos 54% do Algarve e 53% do Centro.

Quem compra online está também a fazê-lo de forma mais frequente. A maior parte dos compradores diz que fez em média entre três a cinco compras online nos últimos três meses (15%), seguida por quem comprou de uma a duas vezes (13%).

Relativamente à faixa etária dos compradores online, há resultados mais expressivos entre os mais jovens (16 a 24 anos e 25 a 54 anos). Os mais jovens são não só os mais expressivos neste tipo de comércio mas também na frequência com que compram.

O smartphone é, sem dúvida, o equipamento mais usado para fazer compras na internet – 77% dos compradores portugueses recorrem a este dispositivo, acima dos 65% da média da União Europeia. O portátil é o segundo dispositivo mais usado para comprar online, com 66%, acima dos 56% da média da UE.

Os números apontam que, este ano, o comércio eletrónico entre empresas e consumidores atinja em Portugal mais de 8 mil milhões de euros.

“As compras online passaram a fazer parte do dia-a-dia dos portugueses”, comenta Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI. “Nenhuma empresa pode hoje ignorar a internet como canal de venda e de comunicação.”

O que quer o consumidor português? Entregas grátis e melhores preços

O estudo sobre economia digital tenta perceber o que leva os portugueses a comprar online. Há uma elevada frequência de pessoas a comprar no estrangeiro, mas Portugal continua a ter mais compradores em lojas nacionais do que a tendência da União Europeia – são 87% contra 84%. Já 23% fazem compras no estrangeiro.

O que leva os portugueses a comprar lá fora? Os preços mais baixos, com uns expressivos 73%, seguidos por produtos, marcas ou um site que não está disponível localmente (43%). Os portugueses compraram maioritariamente vestuário e acessórios online (69%), seguidos pelas refeições entregues em casa (46%) e pelos produtos de cosmética (31%).

Não há dúvidas naquilo que leva os portugueses a escolher determinados sites – a entrega gratuita é o que mais pesa (51%), seguida pela capacidade de devolução sem custos e pela descrição detalhada de produtos (ambos com 22%).

Nos três meses anteriores à realização do inquérito, a maioria dos compradores diz que gastou entre 100 a 299 euros, um valor muito semelhante àquele que era visto em 2020.