João Ferreira, vereador e dirigente comunista, garante que a escolha de Paulo Raimundo para suceder a Jerónimo de Sousa resultou de uma “convergência muito assinalável” no interior do partido e que o futuro secretário-geral do PCP tem a “experiência de vida” e o percurso certos para ficar à frente dos comunistas.

Em declarações à RTP3, aquele que é, neste momento, um dos elementos do partido mais testado em urnas (três autárquicas, duas europeias e umas presidenciais) deixou a certeza de que a escolha de Raimundo é perfeitamente normal, apesar de ser um perfeito desconhecido para a generalidade dos portugueses e de nunca ter tido o protagonismo político e mediático de outras figuras, a começar pelo próprio João Ferreira.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre a saída de Jerónimo de Sousa.

O que muda no PCP?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Desafiado a dizer se, por tudo isto, compreendia o facto de não ter sido escolhido para o cargo, João Ferreira foi vago e não respondeu diretamente. “Para a comunicação social em geral há uma dificuldade que resulta em aplicar ao PCP a grelha de análise que aplica aos outros partidos. Sendo o PCP diferente dos outros partidos”, quando a análise é feita, “debate-se com uma série de perplexidades”.

O dirigente comunista lembrou também que o papel de um secretário-geral comunista tem “dois lados”: “por um lado ser o promotor” do trabalho coletivo, a “ideia é que mais cabeças pensam melhor do que uma”, e por outro lado “ser o fiel intérprete da decisão coletiva na intervenção individual”.

Para João Ferreira, os trabalhos que Raimundo teve, as dificuldades que enfrentou, a opção que fez de aderir ao PCP e as responsabilidades que foi assumindo, vão possibilitar ao novo secretário-geral e ao PCP “uma coisa que é importante: sentimento de identificação”.

Na perspetiva de João Ferreira, Paulo Raimundo tem “um sentimento de identificação genuíno” com as dificuldades e realidades das pessoas, dos trabalhadores, que podem ver em Paulo Raimundo “alguém com quem se identificam”.

Questionado sobre o timing da saída de Jerónimo de Sousa, o dirigente comunista disse que foi “uma saída determinada por uma avaliação que o próprio” fez, por razões de saúde. Se o próprio entendeu que era o momento de sair devido às exigências que o cargo de secretário-geral comporta, nessa medida é “o tempo certo”.

Relativamente à saída de Jerónimo também do Parlamento, João Ferreira recordou que “não é uma situação nova o secretário-geral não estar na Assembleia da República”. “Isso já aconteceu na história do PCP”, assinalou, garantindo que o momento atual, marcado pela perda de poder de compra e a necessidade de defesa dos serviços públicos e dos salários, “requer um PCP forte”.

A “união” do PCP em torno de Raimundo, o perigo do Chega e o aplauso final. A despedida de Jerónimo nas entrelinhas