Portugal e Espanha, Espanha e Portugal, de quando em vez a Itália pelo meio. Com uma ou outra exceção, os Campeonatos da Europa de hóquei em patins andavam sempre em torno dos latinos mas a última edição da prova, no ano passado em Paredes, mostrou que a realidade foi evoluindo com o tempo tendo a França como exemplo paradigmático disso mesmo. Aliás, apesar da forma como a Seleção foi afastada da final num Espanha-França que não deu prestígio à modalidade sobretudo por um segundo tempo jogado com um pacto de não agressão, os gauleses alteraram as contas porque antes tinham ganho a Portugal. Agora, no jogo inaugural do Campeonato do Mundo da Argentina, Seleção reencontrava a equipa francesa.

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“Vamos ter uma fase de grupos bastante difícil, com o primeiro jogo contra a França e depois com a Itália. Não podemos esquecer os jogos que fomos tendo com a França, que nem sempre foram fáceis”, comentara Renato Garrido, selecionador nacional, recordando esse desaire no Europeu em Paredes. “Queremos fazer um grande Mundial e ganhar os jogos todos até chegar à final, embora sabendo perfeitamente das adversidades que vamos ter, numa fase de grupos bastante difícil. Como no Mundial em Barcelona, o objetivo é ficar em primeiro lugar na fase de grupos e depois pensar jogo a jogo até à final”, salientara.

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“Em qualquer competição a entrada às vezes é que ajuda nos jogos a seguir e dá aquela motivação e moral para continuar a fazer boas exibições. Plantel envelhecido? Eles estão num momento ótimo e no máximo da experiência da carreira. Para já estamos bem e não considero que temos uma Seleção com muita idade, embora aos poucos vamos integrando um ou outro jogador”, acrescentara Renato Garrido, que fez apenas três alterações nos dez convocados que foram campeões mundiais em 2019 com as saídas de Nelson Filipe, Vieirinha e Jorge Silva para as entradas de Pedro Henriques, Diogo Rafael e João Souto.

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E a estreia neste Mundial de 2022, no mítico Aldo Cantoni em San Juan com capacidade para mais de 7.000 espectadores que já estava quase cheio, dificilmente poderia ter corrido melhor (a não ser na parte de cortar os hinos…), com uma vantagem inicial na partida que permitiu depois outro conforto ao longo dos 50 minutos até uma goleada quase natural que vingou a derrota com a França no Europeu e colocou Portugal em igualdade pontual com a Itália, adversário desta terça-feira que goleou o Chile por 8-3.

Com os três irmãos Di Benedetto a serem mais uma vez a base da equipa (Carlo do FC Porto, Roberto que trocou este verão o Liceo pelo Benfica e Bruno que passou do Lleida para o Liceo), a França entrou com uma tentativa de defender bem e explorar as transições rápidas mas Portugal foi sempre melhor e não demorou a marcar em minutos consecutivos, com Gonçalo Alves a fazer o 1-0 de meia distância (5′) e João Rodrigues a encostar na área uma grande passe do companheiro do Barcelona, Hélder Nunes (6′). Fabien Savreux parou de imediato o encontro mas nem assim o rumo do jogo mudou apesar das ameaças sobretudo de Carlo Di Benedetto travadas por Ângelo Girão, com João Rodrigues a bisar (15′) antes de um intervalo que chegou com mais uma ameaça de Rafa à baliza de Bonneau nos últimos segundos.

O segundo tempo começou com a França a dar outra imagem no plano ofensivo e com Portugal a ter um susto com Gonçalo Alves, que num choque involuntário com um adversário torceu o joelho e ficou com muitas queixas. Um golo dos gauleses poderia reabrir o jogo mas foi a Seleção a aumentar ainda mais a sua vantagem num trabalho individual de Hélder Nunes a passar por trás da baliza e a rematar para o 4-0 (35′). O conjunto francês teve ainda duas bolas nos ferros da baliza de Girão mas seria Portugal mais uma vez a chegar ao golo por Diogo Rafael, concluindo um lance de 2×1 com Henrique Magalhães (47′). Anthony da Costa, no penúltimo minuto, fez ainda o golo de honra francês num remate de muito longe.