O índice de preços no consumidor (IPC), o principal indicador de inflação da China, aumentou 2,1% em termos anuais em outubro, abaixo do valor de 2,8% registado em setembro, foi anunciado esta quarta-feira.

Depois de ter atingido em setembro o valor mais alto em mais de dois anos, o índice afastou-se do objetivo oficial de 3%, fixado em março pelas autoridades chinesas para o ano em curso, de acordo com os dados oficiais publicados pelo Gabinete Nacional de Estatística chinês.

Dong Lijuan, estatístico do Gabinete, atribuiu a desaceleração à queda na procura entre os consumidores, depois do período de feriados do Dia da China, a 1 de outubro.

No mês passado, a inflação foi sustentada sobretudo pelo aumento do preço dos produtos alimentares, em particular o da carne de porco, que subiu 51,8% nos últimos 12 meses.

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O preço da carne mais consumida na China subiu 9,4% entre setembro e outubro, apesar de uma intervenção no mercado das autoridades para travar o aumento.

A situação obrigou as autoridades chinesas a libertar cinco vezes parte da reserva de carne de porco, desde o início de setembro, para moderar o aumento do preço deste alimento.

Desde a invasão russa da Ucrânia, a China tem sido relativamente poupada ao aumento global dos preços dos alimentos.

Mas as autoridades chinesas observam os preços da carne de porco desde que uma epidemia de peste suína atingiu fortemente os produtores chineses em 2019.

A desaceleração do IPC foi maior do que a prevista pelos analistas, que apontavam para 2,4% em outubro, mas os preços industriais não caíram tanto quanto o esperado, que era 1,5%.

O índice de preços no produtor (IPP), que mede os preços industriais, caiu 1,3% em outubro, em termos anuais, depois de ter aumentado 0,9% em setembro.

O índice caiu pela primeira desde 2020, principalmente devido à fraca procura, ligada às restrições impostas pela política “zero covid” na segunda maior economia do mundo, desde o início da pandemia, disse o Gabinete Nacional de Estatística chinês.

A queda do IPP geralmente reflete uma diminuição da procura entre os consumidores e prevê uma redução dos lucros das empresas. Ao mesmo tempo, a China vive uma crise sem precedentes no setor imobiliário, historicamente um motor de crescimento económico.

Julian Evans-Pritchard, analista da consultora Capital Economics, prevê que o IPP “vai permanecer negativo” em grande parte de 2023, também por causa da queda dos preços globais das matérias-primas.