O exército das Filipinas e rebeldes muçulmanos chegaram a um cessar-fogo para tentar evitar que confrontos no sul do país, nos quais já morreram dez pessoas, possam ameaçar o acordo de paz de 2014.

Os confrontos esporádicos começaram na terça e quarta-feira, na vila de Ulitan, na ilha de Basilan, onde conversações de última hora organizadas pelo governo e mediadores levaram a um acordo de cessar-fogo, na quinta-feira à noite, entre as forças do exército e os comandantes rebeldes da Frente Moro de Libertação Islâmica.

Os confrontos deixaram três soldados mortos e 15 feridos, disse o porta-voz militar regional, Abdurasad Sirajan. Um antigo comandante rebelde Dan Asnawi disse que pelo menos sete rebeldes foram mortos e seis ficaram feridos.

O governo e os mediadores rebeldes foram “capazes de travar os combates com um diálogo entre os dois lados“, disse o comandante militar regional Arturo Rojas. “Foi um evento infeliz, já que ambos os lados sofreram baixas,” acrescentou.

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O conflito sublinhou a fragilidade da lei e da segurança na região autónoma de Bangsamoro, criada em 2019 e atualmente um número excessivo de armas de fogo não registadas, exércitos privados e extrema pobreza, além de um longo historial de violência.

Comandantes militares e rebeldes acusam-se mutuamente de violar o acordo de paz de 2014, que levou a Frente Moro de Libertação Islâmica, que depôs as armas em troca de liderar o Governo de Bangsamoro até às eleições deste ano.

Quase metade dos cerca de 40 mil guerrilheiros concordaram em depor as armas e regressar à vida civil, ao abrigo do acordo de 2014.

Milhares de outros rebeldes mantiveram armas de fogo enquanto aguardavam por um processo de desmobilização, atrasado devido ao não pagamento de dinheiro e outros incentivos prometidos pelo governo.

Além da Frente Moro de Libertação Islâmica, existem ainda na ilha de Mindanao, também no sul das Filipinas, células extremistas que juraram lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico.

Estas células encontram-se enfraquecidas, na sequência da derrota imposta pelo exército filipino em Marawi, cidade que tinham ocupado em maio de 2017 e da qual foram expulsas depois de cinco meses de duros combates, durante os quais morreram quase mil combatentes.