Cinco temporadas como titular indiscutível do FC Porto, duas como opção de recurso, a atual com mais minutos do que à partida se pensava. Sempre naquele estilo discreto que ficou como imagem de referência desde que chegou ao Dragão no verão de 2014, Iván Marcano foi fazendo um percurso daqueles que ficam para a história de um clube, tendo pelo meio um ano na Roma antes do regresso aos azuis e brancos e uma outra temporada em que praticamente não jogou após contrair uma grave lesão. Ainda assim, e ao todo, o espanhol de 35 anos fazia este sábado o 216.º jogo pelos dragões. E foi tudo menos um jogo qualquer.

(Yus)upha, que isto foi mesmo um sufoco (a crónica do Boavista-FC Porto)

Depois de já ter marcado em Mafra na vitória por 3-0 a contar para a Taça de Portugal, Marcano voltou a surgir de forma oportuna ao segundo poste na sequência de um canto para inaugurar o marcador frente ao Boavista no Bessa, desta vez com uma assistência de cabeça de Evanilson. Além de ser o segundo encontro seguido a marcar, o espanhol tornou-se o quarto melhor marcador na Liga do conjunto de Sérgio Conceição (na bancada por castigo) apenas atrás dos avançados Taremi, Evanilson e Galeno.

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Em paralelo, e num dado assinalado pelo próprio FC Porto, Marcano igualou a marca de Jorge Costa e José Carlos, tornando-se o central com mais golos de sempre pelos azuis e brancos (25). Além desse marco, o espanhol ficou apenas a um golo do registo de Alex Telles, o defesa com mais golos pelos dragões. Este foi o quarto remate certeiro do número 5 esta temporada (antes marcara também a Marítimo e Vizela, neste caso um golo decisivo para a vitória aos 90′), ficando a três da melhor época no Dragão (2017/18).

Nem tudo foram boas notícias para o FC Porto, que teve Sérgio Conceição num camarote com o adjunto Dembelé por perto enquanto Vítor Bruno ocupava a posição de número 1 no banco. Otávio celebrou o jogo 200 na Liga, Diogo Costa fez também a 50.ª partida no Campeonato no estádio onde se estreou, Eustáquio voltou a marcar Pepe regressou aos relvados após lesão (com David Carmo fora da ficha de jogo pela primeira vez esta época por mera opção técnica) mas Evanilson, em cima do intervalo, teve um lance arrepiante na zona do meio-campo em que torceu o joelho esquerdo e pode mesmo ter contraído uma lesão grave, sendo substituído de imediato no reatamento da partida por Toni Martínez.

“Foi preciso competir contra um adversário que tinha um registo caseiro assinalável, só tinha uma derrota perante o líder do Campeonato, para muitos considerado uma das melhores equipas da Europa. Sabíamos que íamos encontrar um adversário muito recuado, a nossa equipa foi séria, é necessário nestes jogos igualar algumas métricas do nosso adversário e depois perceber os caminhos que tínhamos de percorrer. Os dez minutos iniciais são deliciosos, uma entrada brutal com várias oportunidades. A parte final foi a demonstração de força, mais uma. Ganhámos por números claros”, comentou à SportTV o adjunto Vítor Bruno. “Só o talento não ia bastar e a equipa foi muito adulta. Igualámos na intensidade e na agressividade. Quando se associa o trabalho ao talento, esse é o nosso grande alicerce”, sublinhou ainda o número 2.

“Não precisávamos de mostrar nada a ninguém, o Pepe é um grande profissional, trabalhou muito nestas semanas que antecederam o jogo no Bessa para estar preparado. Era um sonho estar no Mundial, é o líder do nosso balneário, um jogador muito experimentado e o nosso líder da equipa técnica entendeu que era um prémio mais do que merecido pelo que fez, pelo que é e pelo que representa. Aproveito também para desejar boa sorte a todos aqueles que vão competir no Mundial. Paragem? É o que é. Vamos iniciar a Taça da Liga, que queremos também vencer e teremos de ser muito sérios”, completou.

“David Carmo? O que se passa? Nada, é uma questão de opção… Pepe? Está muito bem, caso contrário não entrava no jogo. Estava a treinar, deixei a dupla Marcano e Fábio Cardoso também pela falta de ritmo mas é o peso pesado do nosso balneário, o nosso capitão. Não tirando trabalho aos outros mas na minha visão do futebol, no comportamento que tem de ter não sendo um predestinado é uma referência. Apanhei muitos jogadores durante 20 anos e, também com os anos de treinador, se não é o melhor é dos melhores”, reforçou depois Sérgio Conceição sobre o central na conferência de imprensa.