“Não afeta rigorosamente nada.” “Temos de respeitar.” “Não tem nada a ver connosco nem com a Seleção.” Na conferência de imprensa de antevisão do encontro particular com a Nigéria, já esta quinta-feira, Fernando Santos esvaziou a polémica em torno da entrevista de Cristiano Ronaldo e garantiu que as declarações do capitão da Seleção Nacional não tiveram qualquer impacto no balneário português.

“Esta questão não tem nada a ver connosco nem com a Seleção. Foi o jogador, o homem, que decidiu dar uma entrevista. Ele não fala da Seleção Nacional, é uma entrevista muito pessoal e temos de respeitar. Tem a ver com tolerância. Não vi ninguém na Seleção a comentar o assunto”, começou por dizer o selecionador nacional, acrescentando que Ronaldo “não tinha de informar ninguém” na Federação Portuguesa de Futebol.

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“Não tinha de informar ninguém. Ele não é livre? O que é que isto tem a ver com a Seleção? O que é que afeta? O que me interessa é o que se fala cá dentro, da preparação para o Qatar. Não nos afeta nada. Temos de respeitar a decisão dele. A mim não me afeta rigorosamente nada”, atirou Fernando Santos, que aproveitou a antevisão para anunciar que o avançado não estará presente no encontro frente à Nigéria devido a uma gastrite, tendo falhado desde logo o treino da tarde desta quarta-feira pelo mesmo motivo.

Na conferência de imprensa na Cidade do Futebol, em Oeiras, o treinador garantiu ainda que não se sente “obrigado” a colocar Cristiano Ronaldo no onze inicial português. “Obrigado? Isto não é uma questão de obrigação. Ninguém obriga ninguém a obrigar ninguém. Se me perguntarem: ‘Por aquilo que fez pela Seleção acha que tem condições para ser titular?’ Isso sim, todos os jogadores que aqui estão, incluindo o Cristiano Ronaldo, têm condições para ser titulares. Isso sim, a 200%. Agora, obrigação… Obrigações não existem. Mal de mim se fosse ao contrário”, concluiu.

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Mais à frente, Fernando Santos explicou a escolha pela Nigéria para o particular de quinta-feira e recordou que o Gana, o primeiro adversário de Portugal no Mundial, também é uma seleção africana. “Vamos defrontar equipas de três continentes diferentes. Em relação ao Gana, o futebol africano tem melhorado muito em termos táticos e organizativos. A Nigéria terá alguma coisa a ver com o Gana, jogadores muito rápidos, talentosos, a tentar explorar a profundidade e com muitas ações individuais. A Nigéria é mais 4x4x2, o Gana é mais 4x3x3 ou 3x5x2. Mas não havia um leque alargado de equipas para defrontar e o [José] Peseiro demonstrou disponibilidade para jogar aqui, por isso, penso que foi uma boa escolha para este jogo de preparação”, considerou o selecionador, abordando depois o cansaço acumulado que muitos jogadores da Seleção já levam para o Qatar.

“Os minutos somados resultam em cansaço acumulado, já tínhamos conversado sobre isso quando foi da convocatória. Há que gerir bem esses tempos. Mas quando se chega a junho também há uns que vão sem ritmo, outros com mais ritmo, outros que jogaram até ao fim. Aqui, a meio da época, acaba por acontecer a mesma coisa. O Cancelo até é dos que tem mais minutos. Até dia 24, o dia do primeiro jogo, e mesmo amanhã, vamos gerir estas coisas todas para que possam todos estar bem e, de preferência, todos ao mesmo nível para os confrontos que vêm aí (…) Eles mudaram logo o chip assim que saíram dos seus clubes. Entraram em modo Seleção e em modo Mundial, com grande motivação e foco na Seleção”, acrescentou Fernando Santos.

Por fim, o técnico português comentou ainda a convocatória de António Silva, que foi o jogador a marcar presença na conferência de imprensa, e deixou praticamente certo que o central do Benfica irá realizar a primeira internacionalização já esta quinta-feira. “Se foi convocado é porque acredito nele e tenho confiança total nele. Ao decidir levar quatro centrais, três estavam praticamente certos, Danilo, Pepe e Rúben Dias, a menos que surgisse algum problema. Dos outros fui observando muitos jogos das provas europeias e os principais da Liga. Em termos técnicos e estratégicos debrucei-me nas opções e também dei uma atenção redobrada a quem joga com defesa a quatro, é mais fácil. Embora pudesse ter vindo outro que jogue a três. Mas, do que vi nos jogos mais exigentes, a minha escolha recaiu nele. Podia ter vindo outro mas foi a minha escolha”, afirmou, acrescentando que Pepe “está a melhorar e vai continuar a melhorar”. “Amanhã terá certamente minutos para melhorar os ritmos competitivos”, garantiu.