A inflação no Reno Unido acelerou em outubro, chegando aos 11,1% em um ano, a maior em mais de 40 anos, impulsionada principalmente pelo aumento dos preços da energia, anunciou na quarta-feira o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).
Estes novos aumentos de preços, mais rápidos do que o esperado, constituem um novo golpe para as famílias britânicas atingidas por um forte aumento do custo de vida, em vésperas da apresentação do orçamento que deverá marcar o regresso da austeridade no país.
“O aumento dos preços do gás e da eletricidade elevou a inflação ao seu nível mais alto em mais de 40 anos“, apesar do teto de preços estabelecido pelo Governo, escreveu Grant Fitzner, economista-chefe do ONS, na rede social Twitter.
Segundo o instituto de estatística, os preços do gás subiram quase 130% no ano passado e a eletricidade aumentou 66%. Mas os aumentos dos preços dos alimentos também ajudaram a empurrar a inflação para seu nível mais alto desde 1981.
No mês passado, a inflação no Reino Unido tinha subido para 10,1%, a maior desde 1982.
Os aumentos de preços ultrapassaram as expectativas dos economistas e do Banco de Inglaterra, que esperavam que a inflação se aproximasse, mas não ultrapassasse, a taxa de 11%, antes de começar a cair.
Uma ajuda maciça às famílias foi anunciada pelo governo anterior de Liz Truss para amortecer o aumento dos preços.
Inicialmente prevista para durar dois anos, esta ajuda foi reduzida para seis meses pelo atual ministro das Finanças, Jeremy Hunt, que, no entanto, garantiu na terça-feira que o Governo vai continuar a ajudar as famílias face aos aumentos de energia, mas de outra forma, mesmo depois de inverno.
“O choque da Covid-19 e a invasão da Ucrânia por Putin está a aumentar a inflação no Reino Unido e em todo o mundo”, atingindo as carteiras das famílias e “impedindo qualquer chance de crescimento económico a longo prazo”, disse Hunt, num comunicado.
O responsável reiterou que anunciaria “decisões difíceis” na quinta-feira para “reduzir a dívida, garantir a estabilidade e reduzir a inflação, protegendo os mais vulneráveis”. São esperados milhões de libras em cortes de gastos e aumentos de impostos.
Esta situação recorda aos britânicos a severa cura de austeridade imposta após a crise financeira de 2008, que resultou em cortes profundos nos serviços públicos.