As baterias sólidas são o futuro dos veículos eléctricos. Esta é uma das frases mais ouvidas pela boca dos responsáveis pela indústria automóvel, sempre associadas à garantia de que o seu aparecimento está para breve. Contudo, há mais de 10 anos que esta promessa continua por realizar e agora vem um responsável do sector admitir que, apesar das afirmações recheadas de esperança, não vamos ter baterias sólidas durante a próxima década.

Quem o diz é o CEO da StoreDot, um fabricante de baterias de iões de lítio israelita dirigido por Doron Myersdorf. Este especialista na matéria defende que os fabricantes de acumuladores devem ser responsáveis e comprometer-se com os construtores com datas realistas, evitando promessas impossíveis de cumprir. Defende Myersdorf que prometer continuamente a tecnologia das baterias sólidas para dentro de três ou cinco anos, e nunca cumprir, não ajuda a indústria nem à confiança que o público deve ter nas empresas do sector.

Doron Myersdorf, o CEO da StoreDot

Nas baterias sólidas, o electrólito líquido tradicional é substituído por um sólido quimicamente inerte, mas que continua a permitir o movimento dos iões de lítio entre o cátodo e o ânodo e vice-versa. Há muito que há protótipos em funcionamento, o problema que até agora ninguém conseguiu resolver prende-se com a produção deste tipo de acumuladores em série, ou seja, a industrialização.

Os protótipos confirmam que as baterias sólidas (como a que cientista portuguesa Maria Helena Braga desenvolveu) não só conseguem uma densidade energética muito superior – o que se traduz por baterias mais pequenas para a mesma energia armazenada, ou uma maior quantidade de energia (e de autonomia) para a mesma dimensão de bateria –, como também evitam incendiar-se em caso de fuga do electrólito líquido e suportam recargas com maior potência sem aquecer em excesso.

Apesar de a Samsung já ter antecipado que em 2025 terá baterias sólidas, com os fabricantes chineses de acumuladores a irem ainda mais longe no optimismo, prometendo prazos mais curtos, Myersdorf aconselha os fabricantes a analisarem estes prazos com algum cuidado. Além disso, o homem da StoreDot afirma que os fabricantes de veículos deveriam avaliar o potencial das baterias semi-sólidas que, segundo ele, são mais fáceis de produzir e chegarão mais cedo ao mercado.

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