“Partilhamos a vossa dor”. As palavras são do Presidente russo, Vladimir Putin, que esta sexta-feira se encontrou com as mães de alguns soldados que estão a combater naquilo a que insiste em chamar “operação militar especial” na Ucrânia.

Em antecipação do Dia da Mãe, que na Rússia se assinala já este sábado, Putin recebeu na sua residência em Novo-Ogaryovo, 17 mães de diferentes zonas da Rússia e grupos étnicos. Numa mesa comprida, recheada de chás e bolos, Putin conversou com as mulheres durante mais de duas horas, ouvindo as suas histórias e garantindo que o país irá apoiar as suas famílias.

Gostaria que soubessem que eu, pessoalmente, e toda a liderança do país partilhamos a vossa dor. Compreendemos que nada pode substituir a perda de um filho, especialmente para uma mãe”, afirmou o líder russo, citado pela Reuters.

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Putin agradeceu aos filhos das 17 mulheres por defenderem a Novorossiya, a “Nova Rússia”, zona que incluía parte da Ucrânia no império russo. “Algumas pessoas morrem da vodka e as suas vidas passam despercebidas. Mas o seu filho viveu e atingiu os seus objetivos. Não morreu em vão”, disse a uma das mulheres.

O líder russo aproveitou para afastar as acusações de que os russos de minorias étnicas foram convocados em maior número para lutar na Ucrânia. “Todos são iguais, todos ajudam o outro e compreendem que as suas vidas dependem da assistência e apoio mútuo”, explicou.

A conversa não foi só elogios e o líder russo pediu às mulheres que “não acreditem em tudo o que veem na televisão ou na internet”. “Não se pode confiar em nada ali”, advertiu, acrescentando que há “muita falsificação, engano, mentira e ataques de informação”.

Putin está a ser acusado de ter escolhido as mulheres cuidadosamente para evitar que temas mais sensíveis fossem abordados durante o encontro, que parece servir para para acalmar as críticas à mobilização russa. Segundo a Reuters, a maior parte trouxe queixas, mas centraram-se em questões menores como a falta de roupas para os soldados ou a necessidade de enviar mais drones para a frente de guerra.

Antes da reunião, Olga Tsukanova, uma das líderes do Conselho de Mães e Esposas, exigiu que Putin se encontrasse com mulheres “reais”. “Vladimir Vladimirovich, és um homem ou quê? Tens coragem de nos encontrar cara a cara, abertamente, não com mulheres previamente escolhidas e que estão no teu bolso, mas com mulheres reais que viajaram de diferentes cidades para se encontrarem contigo?”.

Grupo de mulheres russas foi em missão à fronteira com a Ucrânia para levarem de volta maridos feridos em combate

Na Rússia, alguns grupos de mães de soldados têm criticado abertamente que os filhos sejam enviados para a guerra com pouca formação e equipamento. Recentemente, um grupo de mais de 20 mulheres viajou até a uma unidade militar em Belgorod, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, para levarem de volta os maridos e familiares feridos em combate.